Japaratuba

Data: 21/11/2010 | De: Lizaldo Vieira

O índio Japaratuba que deu nome ao município sergipano

A história desse município é contraditória até na definição do nome. Para alguns historiadores, como Pirajá da Silva, Japaratuba vem de yapara + tupa, que quer dizer “sítio onde existe abundância de arcos”. Para outros, como Pascoal D'Ávila, o nome quer dizer “rio de muitas voltas”. Já outra corrente, inclusive a do historiador japaratubense Antônio Wanderley, o nome quer dizer “muito terreno arenoso à beira mar”. Escolha a sua e vamos adiante. Duas certezas: Japaratuba vem do tupi e é o nome do rio.
Conta a história que, por volta de 1590, quando Cristóvão de Barros chega definitivamente para se apossar de Sergipe, muitas guerras foram travadas contra os índios. Sabedor que as fortes colunas de Cristóvão tinham dizimado nações inteiras no sul do Estado, o cacique morubixaba Japaratuba teria se rendido ao português antes de qualquer conflito. Essa versão também é contestada. Mas se sabe que depois da ?adesão' de Japaratuba às tropas de Cristóvão de Barros, o cacique Pindayba, um exemplo de resistência, foi trucidado na Ilha de São Pedro de Porto da Folha.
Posses e Frei João
Ainda nos primeiros anos da conquista, foram doadas grandes quantidades de terras no regime de sesmarias. No dia 15 de julho de 1623 as terras que ficam “entre o Rio Seregipe e o Japaratuba” foram repassadas para Bernardo Corrêa Leitão, Francisco de Souza e Antônio Fernandes Guindastre. Curiosamente, o capitão Pedro Barbosa Leal e Paulo de Matos receberam também a mesma sesmaria entre os rios, todos os dois em meses diferentes do ano de 1691. Se os índios eram tão pacíficos por que os portugueses tinham dificuldades de se estabelecer nessas terras?
Em 1698, alguns frades tentavam catequizar os índios, entre eles frei Antônio da Piedade. Por volta de 1704, religiosos da Irmandade dos Carmelitas Calçados chegaram àquelas terras sob o domínio do cacique Japaratuba. O grupo era liderado pelo frei João Batista da Santíssima Trindade. Num local chamado de Canavieirinhas, os religiosos encontram os índios da nação Boimé. Mas logo que chegaram foram acometidos pela varíola que assolava a região. Os religiosos, índios e colonos sobreviventes, se mudaram para a parte mais alta chamada de ?Alto do Borgardo' ou ?Lavradio', um morro que hoje ainda fica nos fundos da igreja matriz. Essa transferência de local recebeu o nome de Missão de Japaratuba.
Na colina “segura”, frei João deu início à construção de um convento e de uma igreja. Ela foi erguida e sugestivamente invocada à Nossa Senhora da Saúde de Japaratuba, certamente traduzindo um brado de socorro enviado à Virgem contra a moléstia que fazia inúmeras vítimas. Ao lado do convento e da igreja, algumas casas foram levantadas e a Missão de Japaratuba passou a ser conhecida. Por causa dos rios e das terras férteis, alguns engenhos de cana-de-açúcar foram montados.
Expulsão e Renascimento
Expulsos de Portugal e depois do Brasil, pela lei de Marquês de Pombal, os religiosos deixaram Japaratuba. Nada mais de catequeses nem de brancos, nem de índios. O cultivo das terras praticamente terminou. O convento ficou abandonado e depois foi transformado num cemitério. Mas os efeitos da presença holandesa foram logo sanados. Com uma posição estratégica e de posse de rios navegáveis e fundamentais para o desenvolvimento, Japaratuba volta a crescer, ou melhor, renasce para um grande progresso.
Em 2 de janeiro de 1811, o povoado já era considerado Distrito Administrativo. Um dos responsáveis pela Missão dos Índios e o Hospício dos Carmelitas de Japaratuba era frei José Marcolino. No dia 27 de junho de 1854, o presidente da Província de Sergipe, Inácio Joaquim Barbosa, transforma o distrito em Freguesia de Nossa Senhora da Saúde de Japaratuba. Em 2 de agosto de 1858, o bispo da Bahia confirma a existência da freguesia e empossa o seu primeiro vigário, o padre Domingos Henriques de Lima. Ele morreu em 1896 e seus restos mortais estão sepultados no altar-mor da matriz.
No dia 11 de agosto de 1859, a freguesia era elevada à categoria de vila, libertando-se do município de Capela. Só em 24 de agosto de 1934, a sede do município se transforma definitivamente em cidade e ainda passa a ser comarca de Japoatã e Carmópolis.
Fonte: Site Mendonça Prado – maio 2010

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