História de sergipe I

Data: 13/11/2010 | De: Lizaldo Vieira

HISTÓRIA DE SERGIPE – PROF. IVAN PAULO
HISTORIADOR

PRÉ-HISTÓRIA
1. AS CULTURAS PRÉ-HISTÓRICAS:
−Podemos identificar, em Sergipe, três culturas
dentre as suas comunidades pré-históricas:
Cultura Canindé ou Xingó:
−Com datações a partir de 5.000 a.C.
−Os sítios arqueológicos encontram-se localizados
em áreas do Baixo São Francisco, no canyon, no
município de Nova Canindé.
−Sítios: São José e Justino.
−Material lítico: lascas, facas, raspadores, machados
polidos.
−Material ósseo: esqueletos e adornos.
−Material cerâmico: associado a ritos funerários,
potes, tigelas, panelas.
−Arte rupestre: gravuras (figuras geométricas) e
pinturas (desenhos individualizados) • localizadas em
abrigos dos paredões do canyon.
−Fogueiras.
−Restos faunísticos: moluscos, anfíbios, répteis, aves,
peixes e mamíferos.
−Os primeiros habitantes: grupos caçadores-coletores
chegaram na região por volta de 5.000 a.C. e
ocuparam áreas que hoje são identificadas como
terraços e ilhas, atraídos pela presença abundante de
água (rio) seriam oriundos provavelmente do
planalto goiano, das cabeceiras do Alto São Francisco
e pela ampla rede de afluentes do SO da Bahia que
deságuam nesse rio (essa hipótese é justificada pelas
ocupações muito antigas encontradas nessa área) 
atividades: caça, coleta e a pesca/catação de
mariscos.
−Sepultamentos: enterramentos primários efetuados
diretamente no solo e acompanhado de mobiliário
funerário (adornos, instrumentos, cerâmica, fogueiras,
alimentos).
Tradição Aratu:
−Presente em grande parte dos sítios arqueológicos
sergipanos.
−Datação: séculos V ao XVII d.C.
−Localização: toda a faixa litorânea, norte de
Pacatuba e Sul de Cristinapólis.
−Sítio: Fortuna, no município de Divina Pastora.
−Aldeamentos próximos a riachos afluentes e em
área de floresta.
−Atividades: caça e coleta.
−Sepultamentos secundários (urnas funerárias) e
acompanhado de mobiliário funeral (artefatos
pessoais: machados polidos, adornos, tigelas).
Tradição Tupi-guarani:
−Datação: a partir do século XIX recente.
−Ocuparam áreas litorâneas próximas aos rios e
florestas: bacia do São Francisco, Japaratuba, Sergipe,
Vaza-Barris, Piauí e Real.
−Belicosidade e uso de canoas.
−Artefatos: cerâmicos (cachimbos) e líticos (polidores,
afiadores, machados polidos).
−Atividades: caça, pesca, mandioca.
−Sepultamentos: secundário e com mobiliário de
sepultamento.

OS ÍNDIOS EM SERGIPE
1. TRIBOS:
Línguas: Tupi e Macro-Jê.
Tribos: xocós, aramurus,
carapotós, kaxagó, natu (nas
margens do rio São
Francisco), tupinambás,
caetés e boimés (região
litorânea), aramaris,
abacatiaras e ramaris (no interior, próximo da região da
serra de Itabaiana), kiriris ou cariris (região centro-sul,
entre os rios Reale Itamirim).
Resistência: lutaram para defender suas terras diante
dos invasores portugueses líderes: Baopeba
(apelidado de Serigy), Aperipê, Surubi, Siriri,
Japaratuba.
Atuais Remanescentes: Xocós localizados na ilha
de São Pedro no município de Porto da Folha, `as
margens do rio São Francisco: Caiçara.
−Parte de suas terras foi tomada pelos grandes donos
de terras.
−Continuam lutando para sobreviver e conservar a
terra que sobrou para eles.

PERÍODO PRÉ-COLONIAL
1. PRIMEIROS CONTATOS COM OS BRANCOS
EUROPEUS:
−O litoral do atual território de Sergipe, localizado entre
o rio São Francisco e o rio Real, foi visitado inicialmente
pelos portugueses que integravam a expedição guardacosteira
de Gaspar de Lemos em 1501.
−Estabeleceram contatos com os índios em terra firme.
−Os franceses iniciam o escambo com os índios: paubrasil,
pimenta e algodão.

PERÍODO COLONIAL
1. O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NO
BRASIL:
−Em 1531, Martim Afonso de Souza também visitou o
litoral sergipano e entrou em contato com os índios.
−Os franceses continuavam interessados nas riquezas
desse território e mantinham um bom relacionamento
com os índios.
−Em 1534, o atual território sergipano passou a fazer
parte da Capitania da Bahia, doada pelo rei D. João III a
Francisco Pereira Coutinho.
−A partir de 1549, com a instalação do Governo Geral
em Salvador, a Capitania da Bahia foi comprada do

herdeiro de Francisco Pereira Coutinho e
transformada em Capitania Real.

A CATEQUESE DOS ÍNDIOS
1. OS JESUÍTAS:
−a catequese iniciou-se a partir de 1575 com os
padres jesuítas Gaspar Lourenço e João Salônio.
−Fundaram as aldeias (igrejas) de São Tomé (rio
Piauí), Santo Inácio (Vasa-Barris) e de São Paulo (rio
Real).
−Os jesuítas, no início, conseguiram atrair os índios
para a catequese.
Fracasso da Catequese:
−Os soldados que vieram proteger os padres
começaram a praticar violência nas aldeias dos índios,
roubando produtos das roças e raptando as mulheres.
−Os índios, revoltados, expulsaram os padres e os
soldados de suas aldeias.

A CONQUISTA DE SERGIPE
1. MOTIVOS:
−O interesse em tomar posse das terras dos índios e
escravizá-los.
−Ligar por terra a Capitania da Bahia à de
Pernambuco: importantes centros coloniais produtores
de açúcar.
−Criar gado e plantar cana-de-açúcar.
−Expulsar os franceses que praticavam o escambo
com os índios.
−Explorar minérios no Sertão: prata, ferro, salitre,
nitrato de potássio.
A conquista de Sergipe atendia aos interesses do
Governo português e dos fazendeiros de gado e
senhores de engenho da Bahia.

2. A PRIMEIRA TENTATIVA DE CONQUISTA (1575):
Comandada pelo governador Luis de Brito.
+ Pretexto da Invasão:
−a justificativa era punir os índios por terem
abandonado a catequese e expulsado os padres
jesuítas.
+ Características:
−Invasão militar e violenta: destruição e mortes.
−Nas lutas, morreu o cacique Surubi.
−Aprisionamento de índios: foram levados para a
Bahia a maioria morreu devido as maus tratos e
doenças.
+ Fracasso:
−Apesar da destruição e do massacre, a invasão foi
um fracasso, pois não deixou aqui um marco (sinal) de
conquista, ou seja, não deu inicio a colonização.
−O número de índios escravizados foi pequeno.

3. A CONQUISTA DE SERGIPE (1590):
Comandada por Cristóvão de Barros.
−Foi estabelecida uma guerra de extermínio contra os
índios.
−As aldeias foram massacradas e, finalmente, o
território conquistado.
−Fundação da cidade de São Cristóvão (01.01.1590)
na Barra do rio Sergipe, no atual território de Aracaju:
marco da integração de Sergipe a colonização
portuguesa.
−Foram edificados uma Igreja, um Presídio e um
Arsenal de armas.
−Iniciava-se a colonização de Sergipe: Tomé da Rocha
foi escolhido para ser o capitão-mor da nova capitania.

4. A ORIGEM DO NOME SERGIPE:
Hipóteses:
−No início esse território era chamado de “Os Sertões
do Rio Real”.
−Teria derivado das modificações (corruptela) do nome
Siriípe (“rio dos Siris”): sirigi sirigipe seregipe 
Sergipe.
−Seria para distinguir de uma localidade baiana
chamada de Sergipe do Conde: daí o nome Sergipe Del
Rey (pelo fato de que a conquista de Sergipe foi
efetuada por ordem régia e à custa da Coroa).
−Cacique Serigy ou Serigipy o seu nome foi
transformado em Sergipe.


5.AS TRANSFERÊNCIAS DE LUGAR DA CIDADE DE
SÃO CRISTÓVÃO:
Motivos:
−Ficar longe dos ataques dos franceses.
−Proximidade das primeiras fazendas e engenhos.
Transferências:
−1596: para uma colina próxima ao Rio Poxim.
−1610: para o local atual: nas margens do rio
Paramopama (afluente do rio Vasa-Barris), distante 24
Km do litoral.

A COLONIZAÇÃO DE SERGIPE
1. DIFICULDADES:
−Ataques franceses: só a partir de 1601, os franceses
foram definitivamente expulsos de Sergipe.
−Ataques de índios: que resistiam a ocupação de suas
terras.

2. DOAÇÃO DE SESMARIAS:
−A ocupação do litoral do território ocorreu do Sul para
o Norte.
−Outras vilas foram fundadas na região do rio Real e
do rio Piauí, no sul da capitania, e nas terras banhadas
pelos rios Vaza-Barris, Cotinguiba e Sergipe, no norte
da capitania.

3. ATIVIDADES ECONÔMICAS:
+ Criação de Gado:
−Principal atividade econômica da capitania.
−Ocupação do interior.
−Latifundiária: é marcante a presença dos Garcia
D’Ávila Conde da Torre.
−Tinha como finalidade abastecer a Bahia.
+ Cana-de-açúcar:
−Introduzida a partir de 1602.
−Sistema de ”plantation”.

−Surgimento de alguns engenhos.
+ Minas: metais preciosos
−Foram realizadas explorações à procura de minas
no território da capitania, realizadas por Belchior Dias
Moreya, Rubélio Dias, Gabriel Soares e Marcos
Ferreira: rio das Pedras e Serra de Itabaiana.
−Nunca se constatou a existência de metais
preciosos.

OS HOLANDESES EM SERGIPE
1. MOTIVOS:
−Garantia de
alimentos (carne e
farinha) e de
montarias (cavalos).
−Controle das jazidas
de salitre no sertão.
−Servir como zona de
proteção ao avanço
dos portugueses e
espanhóis vindos da
Bahia para expulsá-los de Pernambuco.

2. OBJETIVOS:
−Recolher os rebanhos sergipanos.
−Construir fortes no território.
−Controlar a cidade de São Cristóvão.
−Atacar Salvador.



3. A INVASÃO:
−Em 1637, as tropas da Companhia das Índias
Ocidentais, sediadas no forte de Maurício (atual
Penedo) e comandadas por Sesgimundo Van
Schoppke, cruzaram o rio São Francisco e iniciaram a
invasão.
A Retirada de Bagnuolo:
−o comandante das tropas portuguesas, o conde
Bagnuolo, mandou incendiar os poucos engenhos,
canaviais e própria cidade de São Cristóvão, além de
matar milhares de cabeças de gado: política da “terra
arrasada” (não deixar nada que pudesse favorecer o
invasor) e ordenou a fuga da população para trás do
rio Real.
−Os holandeses terminaram a destruição do que
restou: saques e incêndios.

4. SITUAÇÃO DE SERGIPE DURANTE A INVASÃO:
−O enfrentamento entre a defesa portuguesa e o
avanço holandês em direção à Bahia se dará no
território sergipano.
−Situação de abandono: as ligações com a Bahia
foram cortadas.
−Sergipe tornou-se um campo de batalha: não houve
efetiva colonização por parte dos holandeses.

5. A RETOMADA DA CAPITANIA:
−Retomada pelos portugueses em 1640, caiu nas
mãos do inimigo um ano depois.
−a retomada definitiva iniciou-se em 1645, quando os
portugueses conquistaram o forte holandês do rio Real
e São Cristóvão foi sitiada, os holandeses se renderam.
−Foi tomado também o forte de Maurício.
−A expulsão definitiva ocorreu em 1646 na batalha do
Urubu (atual Própria).
−Estava concluída a retomada do território pela
colonização portuguesa e a reinstalação do governo.

6. CONSEQUÊNCIAS:
−Retrocesso no processo de colonização portuguesa
em Sergipe.
−Reforço do poder local e desenvolvimento de um
sentimento de autonomia.
+ influência cultural holandesa:
−sobrenome: van der ley (Wanderley) e Rollemberg.
−Marcas no fenótipo: os “galegos” de Porto da Folha.
−Fabricação de requeijão.
−Brasão de armas: reiterava a vitória flamenga sobre
os habitantes de Sergipe.

A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE SERGIPE
1. PERÍODO PÓS-INVASÃO HOLANDESA:
−O período do domínio holandês pode ter levado ao
reforço do poder local e criado um sentimento de
autonomia.
−Período caracterizado pelas lutas entre os poderes
locais e o governo que representava os interesses da
Bahia.
Domínio da Bahia:
* Exigências:
−Contribuição em homens e em produtos (tabaco, gado).
* Conflitos de Jurisdição no Campo Político:
+ os capitães-mores começam a assumir funções que
eram da competência da Câmara Municipal:
−Cobrança de impostos sobre o gado.
−Os curraleiros são obrigados a prestarem serviço militar.
−Novos impostos sobre o gado.
+ Reflexos:
−Conflitos com a Câmara.
−Deposições.
−Revoltas.
−Dificuldade no relacionamento do governo da Bahia com
a Capitania de Sergipe: os moradores de Sergipe
opunham-se ao governo baiano devido às intervenções
constantes da Bahia na vida sergipana.
2. COMARCA:
+ Em 1696, Sergipe se tornou Comarca:
−Autonomia judiciária: Ouvidor.
−Continuava política e economicamente subordinado à
Bahia: os conflitos entre as autoridades de Sergipe e as
da Bahia persistiam.

3. ECONOMIA:
−A economia foi se recompondo depois da devastação
provocada pela guerra com os flamengos.
−O gado torna-se a principal riqueza durante o século
XVII.
-−No século XVIII e primeiras décadas do século XIX, a
economia açucareira consolida-se: aumentam as

exportações do açúcar sergipano pelo portos baianos
e cresce o número de engenhos.
−Sergipe adquire importância econômica: açúcar,
gado, algodão, fumo, arroz, mandioca.
4. OS GRUPOS SOCIAIS:
* O desejo de autonomia gerou conflitos internos:
+ Senhores de engenho ligados aos comerciantes de
Salvador e portugueses estabelecidos em Salvador
desejavam que o território continuasse sob domínio
baiano.
+ Os habitantes das cidades, pequenos comerciantes,
funcionários públicos e senhores de terras criadores
de gado.

5. A INDEPENDÊNCIA DE SERGIPE:
Decreto Real:
−Em 08 de julho de 1820, D. João VI assinou o
decreto isentando Sergipe da sujeição da Bahia.
−Em 25 de julho de 1820 uma Carta Régia nomeou o
brigadeiro Carlos César Burlamárqui para governar
Sergipe.
−Os serviços prestados por Sergipe à causa real
durante a Revolução Pernambucana de 1817.
−A grande prosperidade da capitania de Sergipe no
setor açucareiro.
−Reforma político-administrativa que o governo
efetuou em várias capitanias.
A Reincorporação à Bahia:
−Em 1820, a Bahia aderiu à Revolução
Constitucionalista do Porto e a Junta Governativa que
assumiu o poder determinou a reincorporação da
Comarca de Sergipe à Bahia.
−O capitão-mor Luiz Antonio da Fonseca Machado
não acatou as ordens da Bahia e deu posse a Carlos
César Burlamárqui.
−A Bahia envia tropas para São Cristóvão e estas
depõem o primeiro governador de Sergipe: Sergipe
volta a situação de dependência em relação a Bahia.
A Passagem de Labatut por Sergipe:
* Independência do Brasil:
−As questões da autonomia de Sergipe e a
independência do Brasil confundem-se num mesmo
processo.
−A Bahia, através do brigadeiro português Madeira de
Melo, não aceitou a separação do Brasil de Portugal
nem a autoridade de D. Pedro I e iniciou um
movimento armado contra a Independência do Brasil.
−O capitão-mor de Sergipe, brigadeiro Pedro Vieira,
era partidário do sistema português dominante na
Bahia.
−D. Pedro I contrata os mercenários Pedro Labatut e
Rodrigo de Lamare para impor a nova ordem política
na província da Bahia.
−As tropas de Labatut desembarcam em Maceió e
seguem, por terra e atravessando o rio São Francisco,
sobre o território de Sergipe em direção a Bahia.
Objetivos:
−Cessar as hostilidades e a adesão de Sergipe ao
Príncipe Regente: apoio a D. Pedro.
−Atacar a Bahia.
Adesões:
−Vila Nova (Neópolis).
−Laranjeiras.
−São Cristóvão: os adeptos de Madeira de Melo
fugiram.
−Estância.
Motivos do Êxito da Missão de Labatut:
−o sentimento anti-lusitano da população de Sergipe.
−a participação das tropas comandadas por João
Dantas, capitão-mor das ordenanças da vila de
Itapicuru (Cachoeira), que entrou em Sergipe através de
Campos (Tobias Barreto) e avançou vitorioso sobre
Santa Luzia e Lagarto.
−As negociações de Labatut garantiram um acordo
entre os grupos emancipacionistas e recolonizador,
cujos representantes dividiram entre si a tarefa de
formação de um governo local autônomo.
A Integração de Sergipe ao Estado Nacional:
−a autonomia de Sergipe foi reconhecida por D. Pedro
I, em Carta Imperial de 05.12.1822.
−em 03.03.1823, realizou-se missa festiva onde foi
aclamado D. Pedro I como Imperador do Brasil: a partir
desta data Sergipe foi efetivamente integrado ao Brasil
Independente.

SERGIPE DURANTE O IMPÉRIO
1. SITUAÇÃO POLÍTICA DURANTE O 1º REINADO:
Partidos Políticos:
+ Liberal: defendendo o controle local do poder e
representado socialmente pelos senhores de terra e
gado e camadas médias urbanas.
+Corcunda: defendendo o controle externo e
representante dos interesses dos financiadores da
agroindústria açucareira em Sergipe e representado
socialmente pelos grandes senhores de açúcar e pelos
seus aliados, os portugueses residentes em Sergipe.
−a política sergipana será marcada pelo embate entre
as duas forças que representavam os senhores de
terra.
−os senhores de terra dominavam uma sociedade
basicamente rural e isolada em termos de comunicação
dos centros mais adiantados da região.
−as camadas populares não tinham participação, mas
demonstravam resistência através de fugas, invasões
de cidades, rebeliões, crimes, protestos
Eleições:
−Momentos violentos em que o partido que ocupava o
poder manipulava a seu favor os resultados.
−Eram disputas entre facções da classe dominante,
cada uma imbuída do desejo de controlar o poder e de
demonstrar força sobre sua clientela.
Reflexos da Confederação do Equador (PE-1824):
−o presidente da província de Sergipe foi deposto
acusado de simpatizar com os republicanos
pernambucanos: esse episódio contou com o apoio dos
Corcundas.

Conflitos:
−Revolta dos índios de Pacatuba (1827).
−Sublevação de escravos dos engenhos da
Cotinguiba (1827).
Reflexos da Abdicação de D. Pedro I (1831):
−As autoridades ligadas aos corcundas relutaram em
aclamar o sucessor Pedro II e reprimiram as festas
populares.
−Animosidade contra os portugueses.
−Uma representação “popular”, apoiada pela tropa,
exigiu a demissão do Presidente da Província e de
todos os portugueses que exercessem cargos
públicos.
−O Presidente renunciou, foram nomeadas novas
autoridades e todas as Câmaras Municipais
aclamaram o novo Imperador.
2. CONTEXTO HISTÓRICO DURANTE O PERÍODO
REGENCIAL:
−Eleição para a primeira Assembléia Provincial
(1825).
−O Partido Corcunda passou a denominar-s de
Partido Legal.
A Revolta de Santo Amaro (1836):
+ Motivo:
−A derrota dos corcundas nas eleições.
−A falsificação das atas da eleição de Lagarto:
provocou a alteração do resultado e contou com o
apoio do Presidente da Província (Barão da
Cotinguiba).
−Protestos do Partido Legal (Liberal).
+ O Conflito:
−O chefe Corcunda, Sebastião Boto, cercou a vila de
Santo Amaro, um dos redutos de resistência dos
liberais, fazendo fugir a população que abandonou a
vila: 15.11.1836.
−foram arrombadas e saqueadas as casas e mortos
os habitantes ainda ali encontrados.
−as perseguições aos liberais estendeu-se a outras
vilas, provocando fugas para a Bahia e Alagoas.
+ Conseqüências:
−O Partido Liberal passou a ser chamado
“Camundongo” e o Partido Corcunda (Conservador)
de “Rapina”.
−A eleição foi anulada.
−O Presidente foi demitido.
−Os participantes do movimento foram anistiados em
1837.

3. SERGIPE DURANTE O 2º REINADO:
−Rapinas e camundongos revezaram-se quase
anualmente no controle do poder provincial: seguindo
a política de revezamento de partidos iniciada por D.
Pedro II.
−Bagaceira (1847): dissidência do Partido
Camundongo liderada pelo Barão de Maruim e pelo
Barão de Própria.


A MUDANÇA DA CAPITAL (1855):
* Governo de Inácio Joaquim Barbosa:
−o projeto modernizador de Inácio Joaquim Barbosa,
em torno do qual congregaram-se camondongos e
rapinas, é um reflexo da Conciliação que estava
ocorrendo em nível nacional.
−Procurou racionalizar o comércio do açúcar e livrá-lo
da tutela da Bahia.
−Promoveu a mudança da capital da Província.
+ Motivos:
−Proximidade da região economicamente mais
importante, a zona da Cotinguiba: novo centro produtor
de açúcar.
−A decadência do vale do Vasa-Barris: onde se situa
São Cristóvão.
−a nova capital seria uma cidade portuária, o que
facilitava o escoamento do açúcar.
+ Aracaju: Cidade Planejada.
−o plano urbanístico da cidade foi elaborado por
Sebastião Pirro e consistia na construção de uma
cidade traçada em forma de xadrez.
−Em 17 de março de 1855, Dr. Inácio Barbosa
sancionou a Resolução nº 413 que ficava elevado a
categoria de cidade o Povoado Santo Antonio do
Aracaju, com a denominação de cidade de Aracaju.
+ Manifestações Contrárias:
−Manifestações por parte da população de São
Cristóvão no intuito de impedir a saída das repartições
públicas e críticas quanto às condições de habitação,
higiene e saúde da população que deveria ali se
estabelecer.
−João Bebe Água.
+ A Origem do Nome Aracaju:
Hipóteses: corruptela. (corrupção)
−Derivada das palavras da língua tupi: ará (papagaio) e
acayu (fruto do cajueiro) “cajueiro dos papagaios”.
−Aracaju significaria “lugar dos cajueiros” cajueiral.
−Derivada de ara (tempo, época, estação) e caju (fruto
do cajueiro).
−Derivada do termo tupi areaiu.
Partidos Políticos:
+ o Partido Rapina deixou de existir.
+ o Partido Camundongo dividiu-se:
−Partido Saquarema (Conservador): criado pelo Barão
de Maruim.
−Partido Liberal.
Terminavam as antigas denominações locais.

4
. SERGIPE E A CRISE DO IMPÉRIO: Abolicionismo
e Republicanismo.
−o movimento abolicionista tomou força em Sergipe a
partir de 1880, principalmente na cidade de Laranjeiras
(importante centro exportador de açúcar e maior centro
urbano de Sergipe).
−O enforcamento em praça pública do líder negro João
Mulungu, no século XIX, responsável pela construção
de um quilombo nas matas de Sergipe, demonstra que
a organização dos quilombos foi a principal forma de
rebelião de escravos no Brasil.
−O Jornal Horizonte era o veículo divulgador de idéias
sobre educação popular e implantação do trabalho livre.


6
−Surgiam reuniões, conferencias e clubes para
discutir as novas idéias: profissionais liberais oriundos
das camadas médias urbanas.
−O Jornal O Laranjeirense: órgão abolicionista e
republicano.
−Fundação do Clube Republicano Federal
Laranjeirense: Silvio Romero, Felisbelo Freire,
Baltazar de Góis, Josino Meneses.
−Tanto conservadores quanto liberais aderiram ao
regime e ao Partido Republicano a partir de 15 de
novembro de 1889.
−A Proclamação da República transferiu para Aracaju
o centro do movimento republicano.
−Os republicanos, inexperientes no exercício do
poder, serão sufocados na luta com os velhos políticos
e com o poder militar.
−Felisbelo Freire foi escolhido como primeiro
presidente (governador) do Estado.
5. A CULTURA NO SÉCULO XIX:
−A população em geral era iletrada, poucos
privilegiados sabiam ler e escrever.
−Os filhos da elite continuavam a estudar fora da
Província.
−1832: aparecimento do primeiro jornal 
Recompilador Sergipano.
−Em 1835, surge o Noticiador Sergipense: que
publica atos do Governo.
−A primeira biblioteca foi fundada em 1848 em São
Cristóvão, depois transferida para Aracaju.
−A Ponte do Imperador foi construída no século XIX,
para servir de plataforma de desembarque as
margens do rio Sergipe, quando da visita de D. Pedro
II.
−Em 1870 foi criado o Atheneu Sergipense.
−As primeiras manifestações literárias na Província
surgem a partir de 1830.
−os primeiro literatos sergipanos são poetas e só a
partir da década de 50 é que a prosa começa a se
desenvolver.
−A produção literária sergipana gira em torno das
tradições culturais de seu povo: a história, lendas e
costumes.
−A partir da década de 60, o drama, o romance e a
poesia crescem.
−Os intelectuais que se projetaram foram os que
saíram da Província.
−Os livros nada falam sobre as culturas de negros e
índios.

Tobias Barreto (1839-1889):
−Famoso mestre sergipano da Faculdade de Direito
do Recife.
−Criou uma espécie de escola filosófica denominada
“Escola do Recife”: introdução no Brasil das mais
modernas correntes filosóficas, jurídicas e
sociológicas do mundo naqueles tempos.
−Sólida influência nos meios universitários da Bahia.
- Introdutor do germanismo na cultura brasileira.
−Jurista, jornalista, poeta, crítico musical e literário.
−Livro de Poesia: Dias e Noites. Demais obras:
Estudos Alemães; Monografias em Alemão; Crítica
Literária; Crítica da Religião; Menores e loucos;
Questões vigentes; Estudos de Direito; entre outras.

Silvio Romero (1851-1914):
−Jornalista combativo, parlamentar e critico literário:
discípulo de Tobias Barreto, fundador da Academia
Brasileira de Letras e primeiro historiador da Literatura
brasileira.
−As primeiras manifestações do Folclore sergipano
foram assinaladas por Silvio Romero: Cantos e Contos
Populares de Sergipe congada e folias de reis.
−Obras: História da Literatura Brasileira; Etnologia
Selvagem; Ensaios de Sociologia; Interpretação
filosófica da crítica; entre outras.

PERÍODO REPUBLICANO
1. A OLIGARQUIA OLIMPISTA (1900-10):
−No inicio do século XX, a política sergipana registra
dois partidos majoritários:
+ Partido Republicano de Sergipe: cabaús.
+ Partido Republicano Sergipense: pebas.
Olimpio Campos:
−tendo conseguido impor-se sobre os velhos políticos
como líder dos cabaús, o Monsenhor Olímpio Campos
foi presidente do Estado, indicou os seus sucessores no
governo, influiu poderosamente na eleição de
deputados elegeu-se senador.
−Nos municípios também eram eleitas sempre pessoas
ligadas ao Monsenhor e os empregos públicos eram
distribuídos entre os seus correligionários.
−Manteve controladas as classes subalternas através
do esquema de poder e repressão, apoiado pelos
coronéis.
−Procurou contentar as classes dominantes,
principalmente aos senhores de engenho, com um
plano de recuperação da economia açucareira.
Revolta de Fausto Cardoso (1906):
+ Definição:
−Golpe para derrubar o governo olimpista.
+ Motivos:
−A longa permanência dos olimpistas no poder.
−A formação de um grupo mais radical da oposição.
−A criação do Partido Progressista: oposição radical ao
olimpismo.
−causa imediata: a visita, pela primeira vez depois de
eleito, do deputado federal Fausto Cardoso.
+ O Movimento:
−No dia 10.08.1906, um contingente da Polícia Militar
tomava o Palácio do Governo e depunha o presidente
Guilherme Campos.
−Formou-se um novo governo com membros (camadas
médias urbanas) do Partido Progressista.
−O movimento começou em Aracaju, mas espalhou-se
por Maruim, Itabaiana, N. S. das Dores, Laranjeiras,
Rosário, Itaporanga, Propriá, Divina Pastora, Capela,
Riachuelo e Japaratuba.
+ A Intervenção Federal:
−Em 28.08.1906, o governo federal enviou uma força
interventora para Sergipe, que depôs os progressistas,

retomou todas as sedes municipais e repôs o olimpista
Guilherme Campos na presidência do Estado.
−Fausto Cardoso foi assassinado durante os embates
militares da intervenção.
Dois meses depois, os filhos de Fausto Cardoso
assassinaram Olimpio Campos no Rio de Janeiro.
2. O GOVERNO GRACCHO CARDOSO (1922-26):
−Fazia parte do grupo político que dominou Sergipe
de 1910 a 1930: o PRC (Partido Republicano
Conservador).
+ procurou modernizar a capital e atingiu em certa
medida o interior do Estado:
−Saneamento.
−Abastecimento de água.
−Urbanização e embelezamento.
−Construção de estradas, pontes e escolas no
interior.
Revolta de 13 de Julho (1924):
−Movimento tenentista em Sergipe que promoveu a
deposição de Graccho Cardoso aderindo à revolta
movida em São Paulo para depor o presidente da
república Artur Bernardes.
+ Motivos:
−A crise política vivida pelo Brasil em âmbito nacional.
−a presença no 28º BC de oficiais implicados na
revolta do Forte de Copacabana (RJ): foco de
propaganda do antibernardismo oposição ao
Governo Federal.
−causa imediata: a participação de tropas do 28ºBC
na deposição do governo baiano J. J. Seabra,
indignou os oficiais sergipanos, que se sentiram
instrumentos da política vingativa e arbitrária do
Presidente da República.
+ O Movimento:
−os militares depuseram Graccho Cardoso e tomaram
as cidades de Aracaju, Carmópolis, Rosário,
Japaratuba, Itaporanga e São Cristóvão.
+ Repressão Federal:
−Os militares foram violentamente derrotados pelas
forças militares e pelas tropas formadas pelos
“coronéis” sergipanos.
+ Conseqüências:
−a violenta repressão gerou grande
descontentamento e dividiu a sociedade sergipana em
vencidos e vencedores.
−Desgastou o governo de Graccho Cardoso e o
tornou cada vez mais submisso ao Governo Federal e
aos “coronéis”.
Revolta de Augusto Maynard (19.01.1926):
+ Motivos:
−A repressão aos movimentos tenentistas.
−A passagem da Coluna Prestes pelo Nordeste.
+ O Movimento:
−Fugindo da prisão, o tenente Augusto Maynard
Gomes, comandou uma operação que a partir do
controle do 28ºBC, tentou tomar o Quartel de Polícia e
depor o governo.
+ A Repressão:
−Graccho Cardoso mobilizou as forças legais ao
governo: Augusto Maynard foi ferido e os tenentes
pediram rendição.

3. A REVOLUÇÃO DE 30 EM SERGIPE:
−Sergipe não se incorporou dessa vez desde os
primeiros momentos à revolução.
−em 16.10.1930, o manifesto de Juarez Távora e as
tropas revolucionárias foram recebidas festivamente na
cidade.
−Augusto Maynard foi indicado como Interventor
Federal de Sergipe.
4. O GOVERNO DE SEIXAS DÓREA (1962-1964):
−Incorporou-se à luta pelas reformas de base do
presidente João Goulart.
−Participou do comício do 13 de maio no Rio, no qual
anunciou a realização da reforma agrária para Sergipe.
Essas atitudes provocaram inquietação nos grupos
conservadores.
O golpe militar de 31 de março de 1964, que
derrubou João Goulart, também depôs Seixas Dórea.
7. BIBLIOGRAFIA:
O presente texto é composto por transcrições textuais
de:
1.AGUIAR, Fernando. Pré-História de Sergipe. Apostila.
2.Apostila Cultura Sergipana para Concursos. Ed.
Aspas.
3.Textos e fotos extraídos do site UFS-PAX-MAX.
4.Textos extraídos do site Infonet-Cidades de Sergipe.
5.Jornal da Cidade, Aracaju, 7-8 nov. 1999. Caderno
Cidades, p.4.
6.DINIZ, Diana M. F. Leal (coordenadora). Textos para
a História de Sergipe. UFS. 1991.
7.Informe UFS, São Cristóvão, n.242, p.4-5,21 out.
1999, Francisco José Alves.
Aracaju (SE)

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