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Poema

Data: 18/11/2010 | De: Lizaldo Vieira

Chato mundo - Lizaldo Vieira

Louco mundo
Se canta
Não desencanta
Fico calado
Meus males permanecem
Do mesmo
Quando deito
Rolando ficas
Se o tempo ta feio
Bom pra dormir
Planejo tomar banho de mar
Se vou pro mato sem cachorro
Almejo pegar boi voando
Vejo o câncer nas bocas
Observo todos fumando
Ignoro a camisinha do amor
Enquanto o mundo inteiro vai abortando
Enfim
É a vida
Na lida
Pra uns ta muito bom
Ta tudo muito bem
Pra outros ta tudo mau
Ta tudo muito ruim
E a gente vai dançando
Conforme o toque
E ficando
Ás duras penas
De Pansa cheia de gazes
E com cara de tacho
Perdidos na multidão
Atrás do trio elétrico

poema

Data: 18/11/2010 | De: Lizaldo Vieira

Chato mundo - Lizaldo Vieira

Se cantas
Fico calado
Qundo deito
Rolando ficas
Se o tempo tá feio
Bom pra dormir
Planejo tomar banho de mar
Se vou pro mato sem cachorro
Almejo pegar boi voando
Vejo o cancer nas bocas
Observo todos fumando
Ignoro a camizinha do amor
Enqundo o mundo inteiro vai abortando
Enfim
É a vida
Na lida
Pra uns tá muito bom
Tá tudo muito bem
Pra outros tá tudo mau
Tá tudo muito ruim
E a gente vai dançando
Conforme o toque
E ficando
Ás duras penas
De pansa cheia de gazes
E com cara de tacho
Perdidos na mutidão
Atrás do trio eletrico

Poema (Velho Chico)

Data: 14/11/2010 | De: Lizaldo Vieira

Poema Velho Chico
Velho Chico Lizaldo Vieira - em-03/03/1994
Meu velho Chico
Chico bonito
Chico aflito
Chico sofrido
Chico erosão
Chico solução
Mesmo poluído
Rio ferido
Ê mundão d'agua bom
Quem dera um dia.
Chico vida
Chico alegria
Com tanta água
Diluída em nada
Matasse a sede desse sertão
Ê vidão
Pudesse num grito
Desses aflitos
Mudar esse rito de desilusão
Preferia São Francisco
Aos corruptos
E políticos
No comando da nação
Ê...mundão d'agua bom
Chico bonito
Chico aflito
Chico insinuoso
Chico povo
Chico pescoso
Chico lodo
Chico poluicão
Chico desiludido
Chico soluçaõ

Bispo do Rosario

Data: 14/11/2010 | De: Lizaldo Vieira



A VIDA E OBRA DE ARTHUR BISPO DO ROSARIO ( ARTISTA SERGIPANO)


Manto da Apresentação, de Arthur Bispo do Rosário

No ano em que se comemora o centenário de nascimento e vinte anos de sua morte, espera-se que o Brasil promova uma programação digna da obra artística de Arthur Bispo do Rosário. Espera-se, principalmente, que Sergipe, seu estado natal, faça a sua parte.

Este artigo, estruturado em duas partes, cuja primeira você lê agora, é uma pequena contribuição nas iniciativas alusivas à data.

Arthur Bispo do Rosário é considerado pela crítica um dos principais artistas brasileiros do século XX, saudado nacional e internacionalmente, mas apreciado por um público ainda restrito a intelectuais.

Um dos motivos mais significativos para o reconhecimento de sua importância é que Bispo do Rosário foi um artista de vanguarda, de forma absolutamente intuitiva, sem receber qualquer treinamento técnico, conviver com outros artistas, ler livros especializados ou frequentar espaços de arte.

Começou a produzir, de forma praticamente ininterrupta, a partir dos anos 40, e nesse trabalho incluiu elementos pop, movimento estético que só surgiria na Inglaterra por volta da década de 1960.

Sua genialidade expressa-se na forma como trabalha os elementos, os novos suportes utilizados, a configuração contemporânea de sua arte, a harmonia do conjunto das peças.

Arthur Bispo foi redescoberto a partir do trabalho do crítico Frederico Morais na década de 80, que organizou uma exposição e lançou uma possibilidade de compreensão e sistematização do conjunto da obra. Todavia, Rosário é desconhecido pela maioria do público brasileiro e, curiosamente, também em sua terra natal, Sergipe.

Pode-se pensar, afinal, que muitos grandes artistas plásticos são desconhecidos do grande público no Brasil, pelas características da formação e desenvolvimento educacional da população do país. No caso de Rosário, o que surpreende é que sua obra seja fácil de agradar qualquer observador.

Isso se deve a presença de um forte resultado lúdico nas peças, pelo colorido, formas, referências e pelos brinquedos que elaborou. Ademais a utilização de materiais e objetos do cotidiano possibilita que o apreciador se identifique.

Após o impacto inicial das primeiras exposições, foram escritos artigos, ensaios e trabalhos científicos diversos. Bispo do Rosário virou livro, peça de teatro e vai virar filme este ano, pelas mãos do cineasta Geraldo Motta. Muito ainda terá que ser feito para revelar a grandiosidade de sua produção artística.


NEGRO, POBRE, LOUCO

Arthur Bispo do Rosário, nasceu em Japaratuba – SE, no ano de 1909 (ou 1911, não se sabe ao certo), descendente de escravos africanos.

Em 1925, muda-se para o Rio de Janeiro e torna-se marinheiro. Foi campeão brasileiro e sul-americano de boxe na categoria peso leve pela Marinha.

Em seguida, passa a trabalhar na Light, empresa carioca de fornecimento de energia, e como lavador de bonde e borracheiro. Sofre um acidente de trabalho e resolve ajuizar uma ação contra a empresa, ocasião em que conhece o advogado Humberto Leoni, que passa a representá-lo na demanda judicial.

Começa a trabalhar na casa do advogado, como empregado doméstico, fazendo serviços diversos e residindo no local.

Na noite de 22 de dezembro de 1938, procura o patrão motivado por alucinações que lhe diziam que deveria apresentar-se à Igreja da Candelária. Peregrina pelas ruas, dirigindo-se a várias igrejas. Por fim, chega ao Mosteiro de São Bento, onde declara aos monges ser um enviado de Deus, incumbido da tarefa de julgar os vivos e os mortos.

É preso como indigente e demente, sendo conduzido ao Hospital dos Alienados, um hospício situado na Praia Vermelha. Um mês depois, é transferido para a Colônia Juliano Moreira, no bairro de Jacarepaguá, onde permaneceria por cerca de cinqüenta anos.

Foi diagnosticado como portador de esquizofrenia paranóide - que é um dos quatro tipos principais dessa patologia -, caracterizada pela ocorrência de visões, alucinações, sentimentos de perseguição e em que é comum o doente escutar vozes (FRANÇA, 2007).

A partir desse período, começa a produzir seu trabalho artístico, motivado por um pedido de Deus para que reconstruísse o universo e registrasse a passagem divina pela terra.

Aí, começa a história de Bispo do Rosário como artista plástico.
Estima-se que elaborou cerca de 1.000 peças, que permaneceram como propriedade da Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, hoje desativada comoo instituição manicomial e transformada no Museu Arthur Bispo do Rosário.

Bispo faleceu em 1989.
Arthur Bispo do Rosário Há uma década, precisamente, morria no Rio de Janeiro, no hospital psiquiátrico Juliano Moreira, o negro Artur Bispo do Rosário. Sem receio nem comedimento, é por mim considerado o maior e mais genuíno artista brasileiro. Nenhum outro foi tão profundo na sua pesquisa pessoal. Nenhum outro foi tão universal, tão ilimitado e sagrado. Em tempo: Bispo não esculpiu santos, não decorou igrejas, nem nunca trabalhou com nenhuma espécie de tinta, telas ou cavaletes. A matéria prima de seu trabalho advinha do lixo recolhido no hospital, sucatas, restolhos e trapos de pano, que eram desfiados e posteriormente utilizado em seus bordados. Artur Bispo do Rosário era, dentre outras coisas, um bordador de obras primas. Passou mais da metade de sua vida trancafiado no Juliano Moreira, mumificando seus objetos pessoais: escovas de dente, talheres, tesouras, etc. As loucuras de Artur Bispo do Rosário não cabem numa simples dissertação, é preciso se deparar com a sua vasta obra para se ter a dimensão de quem foi Artur Bispo do Rosário. Era um artista obcecado por jogo de xadrez, misses e geografia; um artista que, com sua sede de registros, extrapolou as dimensões da pintura e criou fantásticas vitrines com copos de alumínio, pentes de plásticos e objetos variados. Criado por uma família rica, em Botafogo foi, quando jovem, marinheiro e lutador de boxe. Certo dia recebeu uma mensagem de Deus, de Deus, ele dizia: era o início de seu desequilíbrio mental. Internado, ele logo se intitulou xerife e passou a bater nos companheiros. Ficou recluso numa solitária, onde passou grande parte de sua vida. Segundo Bispo, Deus lhe havia pedido que "Reconstruísse o universo" e "Registrasse a sua passagem aqui na terra". Durante meio século, não fez outra coisa. Para ele, a sua obra era um desejo de Deus, mas para o crítico Frederico de Morais, que o apresentou ao mundo, tudo não passava da mais genuína arte. Em Belo Horizonte foi criado um Centro de Convivência que leva o seu nome. De certa maneira, ao que parece, é um extensão, no que concerne ao tratamento, do Hospital Pedro II, onde existe o bem sucedido Museu do Inconsciente. Em ambos os casos, os pacientes desenvolvem práticas artísticas e os resultados são surpreendentes. Prova disto, é a exposição que se realiza na Feira de Artesanato do Minascentro, em Belo Horizonte. Hoje o nome de Artur Bispo do Rosário já correu os quatro cantos do planeta. Os europeus se extasiaram e, desde então, o reverenciam. Sua exposição visitou as principais capitais do mundo. Em um de seus mantos, Artur Bispo do Rosário bordou o nome das mulheres que seriam salvas, por ele, no Juízo Final. Este manto deveria acompanhar-lhe na subida aos céus, cujo desejo não foi atendido. Todos os principais conceitos e seguimentos de arte moderna estão contido na sua obra. É preciso observar que Bispo, sendo interno, estava alienado do mundo e por isso a sua originalidade é incontestável. Quando, em vida, quiseram expor os seus trabalhos, ele foi enfático: "Não faço isto para os homens, mas para Deus".

J. Inacio

Data: 14/11/2010 | De: Lizaldo Vieira


J. Inácio, artista da alma sergipana (Luiz A. Barreto)
Nem sempre a formalidade da crítica é capaz de revelar a arte e seus artistas, quando ...



Nem sempre a formalidade da crítica é capaz de revelar a arte e seus artistas, quando eles fogem dos enquadramentos estéticos. J. Inácio, nascido José Inácio de Oliveira, que também se assinou Igo, teve escola e suas obras, embora pareçam anárquicas, são a mais próxima expressão da alma sergipana. Não apenas pelas cores, fortes e repetidas, pelos objetos, tanto os internos da casa, da cozinha, como os externos, bananeiras, jaqueiras, outras fruteiras, que se fundem nas paisagens típicas da terra sergipana.


Vivendo muito, 96 anos, J. Inácio teve tempo de mesclar a sua arte, mas preferiu afirmar-se na repetição, deixando para os críticos o problema teórico da interpretação, como ele próprio prometeu, certa feita, ao falar de si mesmo. É certo que seu filho Caã herdou formas e cores, ainda que mantenha-se tímido, sem querer trafegar na esteira do modelo do pai. Outros seguidores, por onde andam com suas telas?

J. Inácio não precisou da morte para ser “santificado” entre os sergipanos. Sua vida errante, desapregada dos cânones tradicionais, não justifica, apenas, as três viagens que fez, a pé, do Rio de Janeiro, nem mesmo a convivência turbulenta com seu irmão santo, Padre Pedro. Sem casa, sem rumo diário para o exercício da sobrevivência, simplesmente tocou o cotidiano, sem requerer fortunas, ou mesmo soldos ou salários que pagassem suas magras contas. Vendeu quadros geniais como quem vende bananas, sem qualquer preocupação em diferenciar uma coisa da outra. Não raro foi tido como doido, eufemismo popular de patologias diversas de loucura, mas a tudo resistiu, com uma ponta de ironia, marcante em seu passeio de quase um século pelo mundo.

Não há, ainda, um inventário da obra inaciana. Nem da quantidade, tarefa desafiante, nem da qualidade, que vai exigir análise crítica. Há, contudo, alguma coisa escrita em torno da figura do artista, com reprodução de sua arte.

Eu mesmo, em 1985, escrevi um texto sobre a Arte Sergipana, para o livro A Arte do Nordeste (Rio de Janeiro: Spala Editora, 1986), no qual destacava a presença de J. Inácio na história da arte em Sergipe, dizendo:
Um artista, mais que os outros de Sergipe, tem tido uma trajetória singular. É J. Inácio, um tropicalista antes do Tropicalismo, um ecológico, a insistir em fixar bananeiras, jaqueiras e mangueiras nas telas que são, às centenas, espalhadas pelo Brasil. J. Inácio teve escola, passou pelo Rio de Janeiro, mas desgarrou-se para ser, na individualidade do seu estilo, um ponto de referência da arte sergipana.
Poeta e andarilho, J. Inácio fez o registro da vida do interior sergipano, simbolizando na casa de farinha o fazer e o sobreviver de uma gente sensível, que produz as mais diversas manifestações culturais e está com as mãos prontas para aplaudir, nas festas do Natal, os Reisados e Cheganças, Guerreiros e Pastoris, Cacumbís e Taieiras, ou, no São João, Bacamarteiros e Batalhões, Sambas de Roda e Emboladores de Coco.
Além do visual tropicalista e ecológico J. Inácio fez, no seu acervo de muitas obras, a parte fina de sua composição, ilustrando livros e folhetos a bico de pena, assinando Igo.


Andarilho, poeta, pintor e apaixonado pela sua arte e por sua terra. Este foi J. Inácio, um artista que com sua arte mantém viva a cultura sergipana e retrata a sensibilidade de quem produz e reproduz as mais diversas situações e localidades de sua terra.

Humilde por natureza e tradicional na profissão, Inácio não só salientou imagens como as de festas, folguedos, reisados, cheganças, bacamarteiros e batalhões, Sambas de Roda e emboladores de Côco, ele cravou no cenário da arte sergipana cores e traços que remontaram o fazer artístico e deu espaço aos mais diversos olhares. Dessa forma, abriu caminho para diferentes formas de se fazer arte.

“O ser humano surpreende muito com suas habilidades, ideias, ousadias, e este grande artista não foi diferente. Suas peculiaridades impressionam e sua arte sensibiliza qualquer um que pare diante de seus quadros”, diz o procurador geral do Ministério Público de Contas, João Augusto dos Anjos Bandeira de Mello.


Influências

"Além de sua influência tropicalista chegando ao ecológico, Inácio deixou claro em seus quadros cores e feições que nos aproxima mais do ser sergipano", diz pesquisador e apreciador de sua obra Luiz Antônio Barreto. Ele acrescenta que nem só de quadros viveu a criatividade do artista, ele também ampliou seu acervo para diferentes ofícios, pois trabalhou ilustrando livros e folhetos a bico de pena.

“Utilizou materiais naturais na construção de seus trabalhos. Fortemente influenciado por Jenner Augusto e Jordão de Oliveira, expôs seu talento pela primeira vez em 1931, na antiga biblioteca de Aracaju. Teve tempo de mesclar a sua arte, mas preferiu firmar-se na repetição, deixando para os críticos o problema teórico da interpretação”, enfatiza o pesquisador.

Lances pitorescos


“Parece que ele gostava de gente humilde e lugares simples como inspiração, além do que os quadros dele tem gostinho de nosso lar”. Esta afirmação veio da admiradora e jornalista Edivânia Freire. Segundo ela, é mais do que merecido o reconhecimento do centenário do artista.

“Minha trajetória como jornalista, em Sergipe, me ensinou que para seguir-se em frente e construir um futuro sólido e bonito, é preciso primeiramente reconhecer o passado. J. Inácio conseguiu se eternizar em nosso cenário artístico com a simplicidade de um bom serginano e com certeza os futuros artistas, os admiradores de arte e a sociedade de forma geral poderá se reconhecer em suas obras em qualquer tempo e onde quer que estejam”, frisa a sergipana.

“Ao olhar para suas obras percebo meu desafio como aspirante a artista, como estudante de artes e como web design. Muitas vezes penso que artistas como Inácio e Adalto não irão existir mais, mas depois percebo que estou errado. É um orgulho para mim, como sergipano, saber que um sergipano construiu o que ele construiu e é uma desafio para mim, como artista, colaborar com o cenário artístico do meu Estado, e garantir que artistas como Inácio e muitos outros não caiam no esquecimento”, enfatiza o estudante do curso de Artes Visuais/UFS Josué Azevedo.

Por Joanne Mota e Karina Garcia

Ofenisia Freire

Data: 13/11/2010 | De: Lizaldo Vieira

OFENÍSIA SOARES FREIRE - Por( Luiz Antônio Barreto)

A Mestra de todos nós
Há um sentimento incontido de admiração, de homens e mulheres, diante da professora Ofenísia Freire. Não precisa ter sido seu aluno, no Ateneu, no Colégio Tobias Barreto, nem seu colega do Conselho Estadual de Educação...
23/09/2004 - 12:27



Há um sentimento incontido de admiração, de homens e mulheres, diante da professora Ofenísia Freire. Não precisa ter sido seu aluno, no Ateneu, no Colégio Tobias Barreto, nem seu colega do Conselho Estadual de Educação, da Secretaria Municipal de Cultura, ou da Academia Sergipana de Letras, nem mesmo ser ouvinte de suas conferências e discursos. Basta conhecer um pouco da sua biografia, desde que nasceu, na Estância, há 90 anos, seu tempo de estudante, no Colégio de Santana, da professora Quintina Diniz, em Aracaju, sua militância política, para reconhecer o compromisso que tem pautado a sua vida e que é talvez seu maior exemplo às novas gerações de sergipanos.



Ensinar é um exercício constante de cidadania, onde o professor, curador do conhecimento universal, na sala de aula faz a síntese da cultura, ao receber e orientar seus alunos, no processo ensino-aprendizagem. É aí, nesse contato inicial e repetido em anos seguidos, que o professor e a escola tanto pode alienar, quanto desalienar o aluno, fazendo do conhecimento a argamassa da construção do saber crítico, capaz de entender a realidade e de guiar as pessoas pela vida.



Ofenísia Soares Freire tem uma biografia repleta de êxitos, como professora, como militante política, como intelectual.



A Professora



Desde que chegou em Aracaju, nos anos 30 do século XX, que Ofenísia Soares Freire escolheu, vocacionada, sua profissão. O magistério atraía a jovem estanciana, através de disciplinas como Língua e Literatura Portuguesa, Teoria Literária, Língua e Literatura Brasileira. Foram décadas de ensino em colégios públicos e da rede particular, destacando-se o Ateneu, entre os primeiros, e o Tobias Barreto, entre os privados. Não havia, contudo, diferença alguma na qualidade do trabalho diário da professora. Mais do que os pontos de cada curso, Ofenísia Freire deixava com cada aluno a consciência diante da língua e da literatura.



Dominando a literatura luso-brasileira, Ofenísia Freire tinha o livro didático como mera referência de apoio, porque o verdadeiro conteúdo estava em sua palavra, nos textos que escolhia para trabalhar, nas reflexões que fazia, nos ensinamentos que, ao final, concluía as suas aulas.



Sempre lembrada da Estância, berço da civilização sergipana, onde circulou o primeiro jornal da Província – o Recopilador Sergipano - com homens e mulheres de rara sensibilidade musical, tendo o piano como objeto comum em suas casas, e cenário onde Jorge Amado, filho de sergipano, voltava sempre para asilar-se nas lutas que marcaram o Brasil da sua mocidade. Ofenísia Freire lembra dos tempos de mocinha, vendo Jorge Amado na Papelaria Modelo, de João Nascimento, lendo ou escrevendo, convivendo enfim com a paisagem e com o povo da Estância.



Seu irmão, o médico Pedro Soares, por muito tempo editou um jornal, mantendo a tradição dos velhos jornalistas – Gumercindo Bessa, J. Nogueira, e outros – de A Razão, folha polêmica, corajosa, desassombrada, registrando os fatos e expressando suas opiniões políticas e ideológicas. Ofenísia Freire teve outros irmãos – João, Dalva, Osvaldo, Nivaldo – a quem ela dedica, com afeto, o livro A Presença feminina em Os Lusíadas. Outras saudades, como a Lira Carlos Gomes, os sobrados da rua Capitão Salomão, as águas do rio Piauitinga, o cinema da fábrica, ficaram para sempre guardadas na retina da jovem professora.



Ofenísia Soares Freire, casada com Filemon Franco Freire, funcionário público, Diretor do Tesouro do Estado no Governo de Seixas Dória, irmão do professor Franco Freire, alternou as atividades do magistério com a agitação política. Filiada ao Partido Comunista Brasileiro, engajada no processo de redemocratização do País, emprestou, na eleição de 1947, seu nome à chapa de deputado estadual, da qual saiu eleito o médico Armando Domingues, e à chapa de deputado federal ( à época o eleitor podia ser candidato a mais de um mandato). Com o PCB tendo o seu registro anulado e seus militantes indo para a clandestinidade, Ofenísia Soares Freire voltou-se integralmente para a cátedra, até aposentar-se como professora do Ateneu, então Colégio Estadual de Sergipe.



Com o movimento militar de 1964, quando integrava o Conselho Estadual de Educação, sofreu o constrangimento de ter seu mandato extinto e foi afastada do magistério do Ateneu, durante algum tempo. Enfrentou a adversidade com coragem e determinação, continuando a ensinar no Colégio Tobias Barreto, então dirigido pelo professor Alcebíades Melo Vilas Boas, encontrando nas salas de aula dezenas de jovens que foram presos e processados durante aquele período de prisões e de patrulhamentos e suspeições.



Aposentada, viúva, Ofenísia Soares Freire passou a dedicar-se às atividades intelectuais, aceitando convites para fazer conferências, discursos, participando de debates e integrando instituições culturais, como a Academia Sergipana de Letras, para a qual foi eleita em 1980, na vaga do poeta Abelardo Romero, tomando posse naquele mesmo ano (25 de novembro). Também em 1980 publicou seu livro A Presença feminina em Os Lusíadas, reeditado em 2000. Foi do Conselho Estadual de Cultura, Secretária Municipal de Cultura, na gestão do prefeito José Carlos Teixeira (1985), e Vice Presidente da Academia Sergipana de Letras, posição que ainda conserva na Diretoria atual da ASL.



Há uma unanimidade crítica tanto sobre a biografia da professora, considerada “A Mestra de Todos Nós”, como sobre o seu livro A Presença feminina em Os Lusíadas, que apesar de ter sido publicado na maturidade, após a longa carreira no magistério sergipano, é uma demonstração da sua erudição e do seu talento interpretativo, ampliando, com qualidade, as coleções camonianas em língua portuguesa. No seu livro, o professora se mostra por inteiro, dominando a cátedra, demonstrando o lastro de conhecimentos com o qual enfrentou, anos seguidos, turmas inteiras de jovens.



Com seu livro Ofenísia Freire transpõe, de forma inequívoca, os limites do magistério, que estão sempre sujeito a currículos e parâmetros, passando a gozar do reconhecimento como escritora, ensaísta, interpretando um texto do século XVI e tirando dele novas lições, especialmente ligadas a mulher. Mais do que compor e enriquecer a bibliografia de autores sergipanos, o livro de Ofenísia Soares Freire contribui para alargar a crítica em torno da grande obra do vate português. Ao lado de Cleonice Benardineli, Tiers Martins Moreira, Antonio Geraldo da Cunha, o nome de Ofenísia Soares Freire circula na bibliografia camoniana brasileira.



Permitida a reprodução desde que citada a fonte "Pesquise - Pesquisa de Sergipe / InfoNet". Contatos, dúvidas ou sugestões de temas: institutotobiasbarreto@infonet.com.br.

Bitencourt Sampaio

Data: 13/11/2010 | De: Lizaldo Vieira

Bittencourt Sampaio
Francisco Leite de Bittencourt Sampaio
31/1/1834 Laranjeiras, SE
10/10/1895 Rio de Janeiro, RJ

Biografia
Poeta. Violonista. Cantor.

Nasceu em Laranjeiras, província de Sergipe. Estudou Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo. Sabe-se que gostava de fazer experiências de magia branca nas "repúblicas" ou casas de família, distraindo a todos com sua alegria e bom-humor. Promovia saraus literários e musicais e gostava de acompanhar-se ao violão. Fez carreira política, (...)
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Dados Artísticos
Autor da letra do famoso "Hino Acadêmico" da Faculdade de Direito. É dele também a letra de uma das modinhas mais conhecidas do Brasil: "Quem sabe?" (Tão longe de mim distante). Ambas em parceria com o maestro Carlos Gomes. Representante do romantismo literário no Brasil. O "Hino acadêmico" foi gravado em 1974, em versão instrumental, Editora Três - Companhia Brasileira de Discos Phonogram (...)
[Saiba Mais]
Obras
• A despedida (c/ música de Elias Álvares Lobo)
• Bem-te-vi (c/ música de Elias Álvares Lobo)
• Hino acadêmico (c/ música de Carlos Gomes)
• Quem sabe? (Tão longe de mim distante) (música de Carlos Gome)
[Saiba Mais]
Bibliografia Crítica
• MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.


Francisco Leite de Bittencourt Sampaio, filho de um negociante português do mesmo nome e de Maria de Santa Ana Leite Sampaio, nasceu em Laranjeiras, localidade da então Província de Sergipe, no dia 1º de Fevereiro de 1834, e desencarnou no Rio de Janeiro a 10 de Outubro de 1895.
Foi jurisconsulto, magistrado, político, alto funcionário público, jornalista, literato, renomado poeta lírico e excelente médium espírita.
Tendo principiado seus estudos de Direito na Faculdade do Recife, continuou-os na Academia de São Paulo (atual Faculdade de Direito), fazendo parte da turma de Bento Luis de Oliveira Lisboa, Manoel Alves de Araújo, Eleutério da Silva Prado e outros nomes notáveis da política e da jurisprudência brasileiras. Interrompeu, em 1856, o seu curso acadêmico para acudir os conterrâneos enfermos, por ocasião da epidemia de cólera. Por esses serviços, a que se entregou desinteressadamente, foi condecorado pelo Governo Imperial com a Ordem da Rosa, que não aceitou por incompatível com suas idéias políticas.
Bastante querido pelos seus colegas, colaborou na revista "O Guaianá" (1856), dos estudantes de Direito, e em outras publicações literárias de São Paulo, como em "A Legenda", nos "Ensinos Literários" do Ateneu Paulistano, na "Revista Mensal do Ensaio Filosófico Paulistano", no "Correio Paulistano", etc...
"Era a alegria da casa, o iniciador de divertimentos úteis, de saraus literários e musicais. Não desperdiçava seus talentos no emprego de horas consagradas à crápula dos lupanares, ao assassino regaço das camélias. Nunca amesquinhou a sua individualidade, nem aviltou sua inteligência."
Na sessão fúnebre celebrada em 1858, em homenagem ao Dr. Gabriel José Rodrigues dos Santos, lente catedrático da Academia de Direito, profunda sensação apoderou-se de todo o auditório quando, ao assomar à tribuna, Bittencourt Sampaio recitou comovente poesia, iniciada pelo tocante quarteto:
Morte! palavra que traduz mistério! Sombra nas trevas a vagar perdida! Pálido círio de clarões funéreo! Negro fantasma que se abraça à vida!
Militando na política, filiou-se ao Partido Liberal. Eleito, pela sua Província, deputado à Assembléia Geral Legislativa, nas legislaturas de 1864-1866 e 1867-1870, foi, nesse último período, Presidente do Espírito Santo, nomeado por carta imperial de 29 de setembro de 1867, cargo que exerceu até 26 de abril de 1868, para voltar ao desempenho do mandato legislativo na Corte.
Em 1870, abraçando as idéias republicanas, desligou-se do partido a que pertencia e fez-se ardoroso propagandista da República. Nessa qualidade, assinou, ao lado de Saldanha da Gama, Quintino Bocayuva e outros, o célebre Manifesto de 3 de Dezembro de 1870, que tão larga repercussão teve, tornando-se importantíssimo documento histórico. Como político, colaborou ativamente em "A Reforma", órgão do Partido Liberal da Corte, e em algumas folhas mais, entre elas "A Republica", da qual era um dos redatores. Com Aristides Lobo, Alfredo Pinto, Pompílio de Albuquerque e outros, foi um dos fundadores do Partido Republicano Federal, em 12 de Janeiro de 1873.
Jornalista, não só era deputado pelo brilho de seus artigos, mas também, grandemente respeitado pela elevação, sinceridade e firmeza com que sustentava e defendia seus ideais políticos.
Proclamada a República, foi comissionado para inventariar todos os papéis existentes na Câmara dos Deputados, cargo que deixou para exercer o de redator dos debates na Assembléia Constituinte, em 1890. Foi o primeiro administrador da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro a gozar do titulo oficial de Diretor, já que até ao fim do Império os titulares a dirigiam como "bibliotecários". Nomeado a 12 de Dezembro de 1889, empossou-se dois dias depois, tendo exercido o cargo até 15 de Outubro de 1892.
Entre os poetas de sua geração, destacou-se tanto, que Silvio Romero disse a seu respeito:
"Em Bittencourt Sampaio predomina o lirismo local, tradicionalista, campesino, popular. Por este lado é um dos melhores poetas do Brasil; é mais natural e espontâneo do que Dias carneiro, Trajano Galvão e Bruno Seabra, e é mais elevado e artístico do que Juvenal Galeno. Rivaliza com Joaquim Serra e Melo Moraes Filho."
Citemos algumas das principais obras, em prosa e verso, que lhe granjearam tão elevada reputação como prosador e poeta em que desde cedo se patenteara o "filósofo idealista": Harmonias Brasileiras - Poesias de Bittencourt Sampaio, Macedo Soares e Salvador de Mendonça, publicadas em São Paulo, 1859; Flores Silvestres; Lamartinianas (tradução de poesias de Lamartine); Poemas da Escravidão (versos originais e tradução de versos de Longfellow); A Bela Sara (tradução das "Orientais", de Victor Hugo); A nau da liberdade (poema épico); Hiawatha (versos); Cartas de Além Túmulo (publicadas no "Cruzeiro" e na "Gazeta da Tarde" do Rio de Janeiro); Nossa Senhora da Piedade (legenda publicada no "Monitor Católico"); Dicionário da Língua Indígena; além de inéditos.
Valentim Magalhães disse, a propósito dos "Poemas da Escravidão", que Bittencourt Sampaio "foi um dos mais admiráveis talentos da nossa literatura no período de transição; dir-se-ia que conhecia os segredos das supremas tristezas humanas e foi o representante dedicado da escola criada por Goeth, Byron...".
Reveladores de inteligência superior e invulgar, de uma cultura vastíssima e de uma alma que já dos paramos espirituais descera enamorada dos sublimados ideais que inspiram as grandes e imorredouras obras, os trabalhos que vimos de mencionar, muitos deles, senão todos, dignos de figurar nas seletas que os estudantes manuseiam nas escolas.
Entretanto, a relação acima não se acha completa, pois que um, deixamos intencionalmente de incluir ali, para realçá-lo, porque, dentre todos, é o que, ao nosso ver, mais avulta, não somente pelo fulgor inexcedível da forma, como, sobretudo, pela "A Divina Epopéia de João Evangelista originalidade do assunto cuja altitude imprime à obra valor inestimável. Aludimos à sua" (Rio de Janeiro, Tipografia Nacional, 1882), única, cremos, no gênero, em todo o mundo.
Dos que compõem a presente geração de espíritas, poucos hão de ser, provavelmente, os que saibam o que seja essa Divina Epopéia, cumprindo-nos, portanto, dizer-lhe que é o quarto Evangelho, o de João, posto em versos decassílabos, soltos, metro empregado sempre nas composições épicas, por ser sem dúvida o que melhor lhes imprime a grandiosidade que as deve caracterizar e que sobreleva na obra a que aludimos.
E não é tudo: essa composição poética ele a completou, escrevendo para o volume uma segunda parte, em prosa, na qual o que em cada um dos cantos se contém é explicado à luz da Revelação Espírita, precedidas tais explicações de longa "Prefação", onde exuberantemente explanada se acha a questão da divindade de Jesus.
Por ocasião da visita de Bittencourt Sampaio a Ouro Preto (Minas Gerais), em 1875, o grande poeta e romancista Bernardo Guimarães (1825-1884) dedicou-lhe "Estrofes", poesia datada de Novembro de 1875, e que assim se inicia (Poesias Completas de Bernardo Guimarães), organização, introdução, cronologia e notas por Alphonsus de Guimaraens Filho, INL, Rio, 1959,pp.328 a 340:
Não se sabe quando ele entrou para o Espiritismo em terras cariocas. Em 02 de Agosto de 1873 já fazia parte da Diretoria do "Grupo Confúcio", curando muitos doentes com remédios homeopatas.
Assinala Almeida Nogueira que Bittencourt Sampaio foi atraído pelo Espiritismo pelos fenômenos, assunto este que ele estudou profundamente, mas foi a parte moral que mais impressionou o poeta-filósofo.
Funda, em 1876, a "Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade", presidindo-lhe os trabalhos, nos quais era parte importante o estudo dos Evangelhos à luz do Espiritismo.
Fundado, em 1880, o "Grupo Espírita Fraternidade", a ele Bittencourt Sampaio também empresta sua valiosa colaboração.
O respeitável vulto do Espiritismo Cristão no Brasil, Dr. Antônio Luís Saião, que se convertera graças à mediunidade curadora de Bittencourt Sampaio, reúne então os médiuns da referida sociedade no "Grupo Ismael", por ele criado e até hoje existente, e ali Bittencourt Sampaio se constituiu num dos intermediários de belas e instrutivas mensagens de Espíritos Superiores.
Declara o "Reformador" de 15 de Outubro de 1895, que Bittencourt "se preparava para escrever a Divina Tragédia do Gólgota, quando, fruto maduro, foi colhido pela mão do celeste jardineiro".
Depois de sua desencarnação, o Espírito de Bittencourt Sampaio escreveu, pelo médium Frederico Junior, as seguintes obras: "Jesus Perante a Cristandade", "De Jesus para as Crianças", e "Do Calvário ao Apocalipse".
Tais, em ligeiro e imperfeito escorço, a personalidade humana e a individualidade espiritual daquele que se chamou, entre nós, Francisco Leite de Bittencourt Sampaio e que, desde quando volveu à vida de Espírito livre, se constituiu, entre os eleitos do Senhor, guia indefeso, protetor caridoso e clarividente orientador da Federação Espírita Brasileira, que nunca deixou de lhe sentir o braço potente a ampará-la, nos momentos difíceis ou graves, que bastas vezes tem ela atravessado, no transcurso da sua existência de quase um século.

Carlos Gomes Francisco Petrônio
Música: Quem Sabe?
Intérprete: Francisco Petrônio
Composição: Carlos Gomes e Bittencourt Sampaio

Francisco Petrônio e Dilermano Reis
Uma Voz, Um Violão (1962)
BAIXAR >> AQUI
Carlos Gomes ficou reconhecido internacionalmente como compositor de óperas. O que pouca gente sabe é que ele compôs a partir de um universo bastante diversificado, bem próprio de seu estilo, influências e contexto histórico. No seu repertório encontramos música sacra, modinhas, cantatas e operetas. Quando ouvimos suas modinhas nos lembramos de sua origem interiorana, das festas de salões em volta do piano, dos saraus lítero-musicais tão freqüentes no Rio e São Paulo do século XIX.
Nas modinhas e canções de Carlos Gomes encontramos um pouco do lirismo francês e muito dos tons humorísticos das canções italianas, sobretudo a forte presença do estilo verdiano, tão em voga no ensino musical da época. Da sua primeira fase, ainda como estudante de música, destacamos os títulos mais famosos: Hino acadêmico e Quem Sabe? ambas de 1859. A grande parte dos textos musicados por Carlos Gomes eram de caráter romântico, realçando o estilo melodramático, típico das árias de salão.[1]
"Quem sabe", com letra de Bittencourt Sampaio, uma de suas mais famosas composições até hoje, gravada com sucesso por Francisco Petrônio e Dilermando Reis, tendo sido incluída na trilha sonora da telenovela "Senhora", produzida pela TV Globo em 1975 e inspirada no romance homônimo de José de Alencar. A mesma modinha foi interpretada por Ney Matogrosso no show "Pescador de Pérolas", na década de 1980, ao lado de Arthur Moreira Lima, Paulo Moura e Rafael Rabelo.[2]
Quem sabe? (modinha, 1859) de Carlos Gomes e Bittencourt Sampaio
Tão longe de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento
Tão longe de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento
Quisera, saber agora
Quisera, saber agora
Se esqueceste, se esqueceste
Se esqueceste o juramento.
Quem sabe se és constante
Se ainda é meu teu pensamento
Minh’alma toda devora
Dá a saudade dá a saudade agro tormento
Tão longe de mim distante
Onde irá onde irá teu pensamento
Quisera saber agora
Se esqueceste se esqueceste o juramento.

Geografia de Sergipe

Data: 13/11/2010 | De: Lizaldo Vieira

Geografia de Sergipe

I- Formação Territorial e Organização político- espacial.

Sergipe menor Estado brasileiro, com área de 22.050,4 km, localizado no Leste da região Nordeste, equivalência de: 0,26% do Território Nacional e 1,43% da Região Nordeste.

No litoral há praias concorridas como a de Atalaia Velha, em Aracaju, a capital. Primeira cidade planejada do país, Aracaju tem papel importante na resistência contra os Franceses no período colonial. O acervo arquitetônico dessa época é conservado em São Cristóvão- a primeira capital do Estado, tombada como monumento nacional- e laranjeiras, um dos maiores centros produtores de açucar do período colonial.

Como ocorre nos demais Estados Nordestinos, o litoral de Sergipe também é freqüentado por corsários franceses interessados no escombro de pau- brasil com os índios. A madeira é o principal produto econômico da região até o inicio do século XVII. Entre o final do século XVI e as primeiras décadas do XVII, a atuação dos missionários e de algumas expedições militares afasta os franceses e vence a resistência indígena. Surgem os primeiros povoados, como o arraial de São Cristóvão, e engenhos de açúcar.

A existência de áreas inadequadas à plantação de açúcar no litoral, no entanto, favorece o surgimento das primeiras criações de gado.

Passa a ser capitania independente com o nome de Sergipe d’EL Rey. Durante as invasões holandesas, a região sofre com a devastação econômica e volta a ficar subordinada à capitania da Bahia.

Em 1823, depois da independência, Sergipe recupera sua autonomia. Mas o progresso da província é pequeno durante o império, com exceção de um breve surto algodoeiro na Segunda metade do século XIX. O quadro permanece assim durante o primeiro período republicano, com setores das camadas médias urbanas sendo as únicas forças a enfrentar a oligarquia local, como nas revoltas tenentistas em 1924.

No tocante à sua posição absoluta, Sergipe situa-se entre as latitudes sul de 9°31´11°34´ e as longitudes oeste de 36°25´e 38°14´,cujos pontos extremos são:

*ao norte, a barra do rio Xingó ,em Canindé de São Francisco;

· ao sul, a curva do rio Real, no povoado Barbeiro em Cristinápolis;

· ao leste, a barra do rio São Francisco, na ilha de Arambipe , em Brejo Grande;

· ao oeste, a curva do rio Real, no povoado Terra Vermelha, em poço Verde;.

O estado de Sergipe possui 75 municípios : uns são grandes como Poço Redondo (1.224,4 km), Lagarto ( 939,8 km ) , Porto da Folha ( 892,5 km ),

Outros são pequenos como General Maynard (18 km ), Pedrinhas (33,2 km ), Riachuelo (31 km ) e Amparo do São Francisco (39,3 km ) que foram agrupadas em treze microrregiões Geográficas. Veja o mapa a seguir.



*Conheça como formou algumas das principais cidades :



- Aracaju : O povoado de St° Antônio do Aracaju é elevado á categoria de cidade, com o nome de cidade Aracaju, através de Resolução de N° 413 de Março de 1855.

É capital Do Estado e está localizada à margem direita do rio Sergipe, com uma área municipal de 176 km.

- Itabaiana : Localizada no centro do Estado. Elevada à categoria de cidade em 28 de Agosto de 1888 pela Resolução N° 1.331.

Seu nome é de Origem Tupi- Guarani e significa “Pedra grande “.

É considerada o principal centro comercial do estado.

- Lagarto: Elevada á categoria de cidade em 20 de agosto de 1880, pela Lei Provincial N°1.140.

Localizada no centro- sul do Estado. a origem do seu nome supõe-se ser devido à existência de muitas pedras próximas ao povoado com relevo em forma de lagarto .

- Estância : Elevada à categoria de cidade pela Lei Provincial de 04 de Maio de 1848. Localizada ao sul do estado, à distância de 98 km da capital.

È considerada o principal centro industrial depois da capital.

Estância “Cidade Jardim “, assim denominada em 1860, por D. Pedro II.

- Propriá : Elevada à categoria de Cidade em 21 de fevereiro de 1866. Localizada á margem direita do São Francisco. Seu sistema de trocas é crescente, estimulado pelo rio e pela sua localização no eixo viário da BR- 101,elo de ligação entre Sergipe e o restante do País.

· primeiro núcleo populacional surgiu próximo à localidade conhecida com o nome de Urubu de Baixo e mais tarde recebeu a denominação de Santo Antônio do Urubu de Baixo, sendo escolhida como sede da freguesia em1718. Em setembro de 1801, foi elevada á categoria de vila. É sede da diretoria regional da CODEVASF ( companhia de Desenvolvimento do vale do São Francisco ), que implantou vários projetos de irrigação nas vá rzeas ( Betume, Propriá e Contiguiba ) onde atua um sistema de parcelas, trabalhando pelos parceleiros .

A cidade de Propriá é porto fluvial e também servida pela Ferrovia Federal Leste Brasileiro. Sua feira é bastante procurada por moradores das margens do rio,

tanto do lado sergipano como do alagoano.



· Aspectos Políticos :



- 1575 : primeira tentativa de conquista do território sergipano. Era Governador Geral da região norte, Luís de Brito, que tenta a colonização do território entre os rios Real e São Francisco .

- 1590 : Conquista oficial de Sergipe por Cristóvão de Barros, que funda a capitania de Sergipe D’EL Rey com sede na cidade de São Cristóvão .

- 1820 : D. João VI assina em 08 de julho, o Decreto- Régio que torna Sergipe Carlos César Bulamarque (governa apenas um mês.logo deposto entre um período de lutas pela emancipação política do Estado e pela independência do Brasil).

- 1822 : Sergipe festeja a aclamação de D. Pedro I como Imperador.

É nomeado presidente o Brigadeiro Manoel Fernandes da Silveira.

-1834 : O ato adicional trouxe à província de Sergipe maior autonomia administrativa com a instalação da Assembléia Legislativa Provincial.

- 1853 : O presidente Pereira Franco passou a administrar da província de Sergipe ao Dr. Inácio Joaquim Barbosa.

- 1855 : Inácio Joaquim Barbosa transferiu a Capital de São Cristóvão para o povoado de Santo Antônio do Aracaju.

- 1888 : É fundado em Sergipe o partido do Republicano, na cidade de Laranjeiras.

A proclamação da República fora recebida com festa em Sergipe .

Assume provisoriamente o governo de Sergipe uma junta governativa.

O historiador Felisbelo Freire é nomeado pelo Marechal Deodoro como presidente da Província.

- 1891 : Eleito o primeiro Presidente constitucional –o capitão José Calasans.

O Presidente é deposto por um movimento revolucionário e volta ao comando político de Estado as oligarquias.

-1906 : Governo de Guilherme de Campos.

Revolta liderada por Fausto Cardoso, tendo fim com a morte do poeta.

É assassinado no rio de Janeiro o mentor da política em Sergipe Monsenhor Olímpio Campos.

Sucederam Guilherme de Campos os Presidentes:

- Rodrigues Dória -Siqueira Campos - Oliveira Valadão

- Pereira Lobo.

-1930 : Assume o governo de Sergipe Augusto Maynard Gomes ( Interventor nomeado por Getúlio Vargas.

-1935 : A Assembléia Nacional Constituinte elegeu Presidente o Dr. Eronildes de Carvalho. Este permenece até 1941, quando foi substituído pelo Capitão Milton Azevedo.

-1942 : Maynard volta ao governo, ficando no poder até 29/11/1945, quando foi deposto.

-1947 : Assume o governo de Estado o Dr. José Rollemberg Leite (1947-1951).

Nos quadriênios seguintes o governo fora ocupado por:

- Arnaldo Garcez - Leandro Maciel

- Luís Garcia - Seixas Dória.



II- As paisagens Naturais e a ação do Homem.

O meio ou paisagem Natural constitui sempre o resultado de uma interação dinâmica entre certos elementos da natureza: Clima, estrutura geológica e relevo, solo, vegetação e hidrografia.

“clima “



1- Tipos de clima em Sergipe:

O clima em Sergipe é zonal, controlado pelos sistemas tropical e equatorial e compreende um clima litorâneo subúmido , sob forte influência dos alísios de sudeste, e um clima tendente a seco na porção interiorana , devido às irregularidade dos sistemas meteorológicos responsáveis pela queda de chuva.

Assim, define-se para Sergipe um domínio de clima quente com temperamento médias mensais superiores a 18° c e de regime mediterrâneo. Em função da maior ou menor duração do período seco, têm-se os seguintes subdomínios climáticos ou tipos de clima

* subúmido; * Semi-árido brando;

* Transição semi-árida ; * Semi-árido acentuado;



a) Clima Subúmido – é encontrado a partir do litoral numa faixa de 20 a 40 km de largura, sendo a parte sul mais larga que a norte . compreende todos os municípios litorâneos ( Brejo Grande, Pacatuba, Pirambu, Barra dos Coqueiros, Aracaju, São Cristóvão, Itaporanga d’Ajuda e Estância etc. ).

As chuvas se distribuem durante todo o ano, concentrando-se de abril a agosto, havendo somente de um a três meses secos, com os totais anuais oscilando entre 1.000 e 1.400 mm anuais. A temperatura se mantém elevada, em torno dos 25° c, e pouco varia ao longo dos meses, pela proximidade do oceano. Os efeitos das secas são pouco observados por se tratar de uma região de rios perenes e chuvas freqüentes, embora seja a parte que menos chove em toda a costa oriental do nordeste brasileiro.



b) clima de Transição Semi-árida – ocorre aproximadamente na região do Agreste, com chuvas em torno de 700 a 900 mm anuais e contando com quatro a seis meses secos ( outubro a março ), sendo sensível ao efeito das secas e grandes estiagens. As chuvas. As chuvas são mal distribuídas e irregulares, porém há certa concentração no período de abril a agosto. As trovoadas são freqüentes nos meses de dezembro e janeiro. A temperatura, durante o dia, se eleva a mais de 30° c, baixando durante o período noturno. As médias mensais dos meses de inverno são mais baixas que as dos meses de verão, em torno de 5°c.

c) Clima Semi- árido -distribui- se por toda a parte oeste do Estado e se caracteriza sobretudo por apresentar de sete a onze meses secos, isto é, com deficiências de água; precipitação ( chuva ) média anual oscilante entre 400 a 700 mm; chuvas irregulares e mal distribuídas ao longo do ano que caem sob a formação de trovoadas e fortes aguaceiros, secas periódicas e longas estiagens; temperaturas elevadas, ( ultrapassando pelo dia 40°c e pela noite 20°c ou menos ), forte insolação com o sol brilhando várias horas por dia, mesmo no inverno; acentuada evaporação , que devolve para o ar, sob a forma de vapor, quase toda a chuva caída; os rios temporários, na sua maioria de água salgada ou salobra.

Estas características acentuam-se à medida que se penetra para o interior e, de acordo com o grau de secura ou aridez observado, pode-se definir dois subtipos deste clima para Sergipe:

· Semi-árido brando- as precipitações oscilam entre 500 e 700 mm anuais, com sete ou oito meses secos, havendo pequena concentração de chuvas de abril a julho.

· Semi-árido acentuado- as deficiências hídricas são maiores, com nove a onze meses secos. As precipitações pluviométricas raramente ultrapassam 600 mm anuais e os efeitos das secas e estiagens prolongadas são observadas com mais intensidade e rigor.



2 – Estruturas Geológica:

O Estado de Sergipe possui terrenos ou rochas de várias Eras e Idades, desde as mais antigas que existem na terra até as mais recentes .

As estruturas mais antigas, das Eras Arqueozóicas e proterozóicas, constituem o embassamento cristalino e são representadas pelos grupos Estância, Miaba, Vaza- Barris e Macureré, pelos complexos Granítico e Metamórfico, os quais são formadas de granitos, gnaisses e metassedimentos que ocupam toda a região centro oeste, englobando 3 /4 do Estado. Essas rochas são normalmente resistentes e por causa desta dureza constituem os locais de maiores elevações, denominadas de “ Serras “. Como exemplos, têm-se a Serra Negra ( 750 m ), Itabaiana ( 659 m ) Miaba ( 630 m ), Palmares ( 600 m ), Comprida ( 600 m ) etc.

Os terrenos de idade intermediária, da era Mesozóica, são representadas pelos sedimentos que constituem a bacia sedimentar de Sergipe e de Tucano. As manchas dos sedimentos da bacia de Tucano afloram na porção Oeste de Estado na divisa com a Bahia. A bacia sedimentar de Sergipe localiza-se na faixa litorânea, estando melhor caracterizada na parte Nordeste do rio São Francisco até o rio Vaza-Barris. O calcário, pedra de cor esbranquiçada, utilizada na construção da casa e no fabrico de cimento e cal, é o melhor exemplo destes sedimentos. Associados com os sedimentos da bacia, também se encontram jazidas de minerais como o potássio, magnésio, sal-gema, petróleo, gás natural etc. , que ajudarão Sergipe a se tornar no futuro, um grande centro industrial.

Finalmente, tem-se os terrenos recente e atuais ( Era Cenozóica ) constituídos dos materiais dos tabuleiros ( sedimentos Barreiras ), dos aluviões e das areias das praias e dunas, veja o mapa a seguir.



2- Relevo:



O relevo de Sergipe é pouco movimentado, constituído por um modelado suave com áreas planas e altitudes modestas que vão aumentando em direção ao interior, interrompido localmente por elevações denominações de serras que constituem os pontos mais elevados do Estado.

Quanto a compartimentação do relevo, pode-se identificar as seguintes unidades geomorfológicas ou de relevo:

a) Planície Litorânea ; ocorre ao longo de toda faixa costeira e é caracterizada por suas formas planas baixas ( praias e restingas) construídas pela deposição de areias e outros materiais retrabalhados pelo mar ( Sedimentos de praias e aluviões ). As dunas, morros de areia feito pelos ventos, representam as partes mais elevadas desta área, porém sua altitude não ultrapassa trinta metros.

b) Tabuleiros Costeiros; Ocorrem logo após a planície litorânea em direção ao interior; constituem baixo planalto pré- litorâneo com altitudes em torno de cem metros. Os Tabuleiros próximos aos rios foram erodidos e escavados, aparecendo morros e colinas, como os observados ao longo das rodovias que ligam Aracaju a Itabaiana, a Maruim e a Itaporanga d’ ajuda.

c) Pediplano Sertanejo ; aparece no Oeste do Estado, ocupando extensas áreas aplainadas que se elevam gradativamente de 150 a 300 metros, à medida que avança para a divisa com a Bahia. É comum a ocorrência de morros residuais denominados de inselbergs que se destacam na planura generalizada da região.

Apesar desse relevo aplainado, destacam-se algumas áreas elevadas como a Serra Negra, no município de Poço Redondo, divisa com a Bahia, com altitude de 750 metros, o ponto culminante do Estado.

d) Serras Residuais ; situam-se em volta de Itabaiana, no centro do Estado, são representada pela serra de Itabaiana, segundo ponto mais alto do estado com 659 m de altitude, pela serra da Miaba com 630 metros, terceiro ponto culminante, e ainda pelas serras Comprida, Quizongo, Cajueiro, Capunga e outros.

e) Planalto do Sudoeste e da Serra Negra; constitui um maciço residual de topo aplainado com seus rebordos apresentando inúmeras elevações em torno de 500 metros como as “serras” das Aguilhadas, Jabiberi, Boqueirão, Marota, Poço Verde e Simão Dias.



4- Solo:



Levando-se em consideração uma ou mais propriedades e a sua distribuição geográfica, pode identificar em Sergipe os vários tipos de solos:

a) Solos arenosos do litoral; São solos ácidos profundos, bastante arenoso e soltos, de fertilidade baixa. Este tipo de solo ocorre ao longo de todo o litoral Sergipano. Devido á baixa fertilidade, elevada porosidade ( que drena com rapidez toda água que cai ), alta acidez e salinização , torna-se difícil a sua utilização agrícola. É recomendável, somente, para o desenvolvimento dos coqueirais, que adaptam muito bem a estas condições do solo.

b) Solos areno- argilosos dos tabuleiros; são muitos desenvolvidos, de coloração avermelhada por causa da liberação de ferra que existe na rocha, e pobre em nutrientes. Nestes tipos de solos, desenvolve-se a cultura da laranja e da cana- de- açúcar plantada nos tabuleiros, porém necessitam de constante adubações.

Os solos são profundos, com horizontes bem caracterizados. A acidez é alta e para sua utilização agrícola, é necessário aplicar adubação orgânica, inclusive com adoção de fertilizantes e corretivos do solo. A textura arenosa aumenta o risco da erosão principalmente quando o terreno é ondulado ou colinoso. Ao longo da BR 101 e estradas vizinhas, observam-se, com freqüência, marcas da ação erosiva como valas, ravinas e voçorocas. A degradação é outra constante, pois, com a retirada da Floresta Atlântica, estas áreas ficaram expostas à chuva, que não encontrando obstáculos, retira os nutrientes do solo através da lixiviação e do escoamento superficial. Hoje, em lugar da floresta, observa-se o desenvolvimento de cerrados e capoeiras.

Pela facilidade com que a erosão os ataca, estes solos exigem técnica de controle de degradação, tais como proteção das encostas íngremes, plantio em curva –de – nível e rotação de cultivos.

c) Solos Massapê ;São derivados de decomposição do calcário e se caracterizam pelo seu aspecto pegajoso, textura argilosa, coloração escura e fertilidade alta, não precisando de adubação para o desenvolvimento das plantas. A área de maior ocorrência é a região da Continguiba, onde florescem e se desenvolve a cultura da cana – de – açúcar. O massapê constitui a melhor mancha de solo do Estado, apresenta pH básico e é rico em nutrientes.

A sua grande limitação prende-se ao fato de não poder ser manejado no verão, quando fica ressequido e endurece muito, e no período das chuvas, quando fica mole e pegajoso.

A sua alta fertilidade natural compensa, ainda hoje, essas limitações. Este tipo de solo vem sendo utilizado há mais de trezentos anos em Sergipe e , para compensar a degradação, proviniente desta utilização contínua e prolongada, tem-se recorrido à aplicação de fertilizantes para a elevação da produtividade.

d) Solos rasos arenosos ou pedregosos do sertão e agreste; São solos pouco desenvolvidos, rasos de fertilidade média ou baixa, de textura arenosa, associada à ocorrência de materiais grosseiros ( pedras, pedregulho, cascalho) o que torna a sua utilização agrícola muito dificíl. A ocorrência destes tipos de solo em região de clima

Geografia de Sergipe I

Data: 13/11/2010 | De: Lizaldo Vieira

Relevo

Sergipe tem relevo baixo e regular: cerca de 86% do território está abaixo de 300m de altitude. Três unidades compõem o quadro morfológico: os tabuleiros sedimentares, o pediplano e a planície aluvial do São Francisco. Os tabuleiros sedimentares são um conjunto de baixas elevações, com forma de mesa, separadas por vales de fundo chato, onde se desenvolvem amplas várzeas. Ao contrário dos demais estados nordestinos situados ao norte, a faixa dos tabuleiros, em Sergipe, estende-se até o centro do estado. O pediplano domina toda a porção ocidental do estado, com uma topografia regular ou ligeiramente ondulada, em meio à qual despontam picos isolados (inselbergs). A planície aluvial do São Francisco estende-se ao longo da divisa com Alagoas e termina, no litoral, em grande formação deltaica.

Clima

Registram-se em Sergipe dois tipos climáticos: o clima quente e úmido com chuvas de outono-inverno (As') e o clima semi-árido quente (BSh). O primeiro domina a parte oriental do estado, com temperatura média anual de 20°C e pluviosidade superior a 1.400mm anuais. O clima BSh caracteriza todo o interior de Sergipe, com temperaturas igualmente elevadas e pluviosidade bastante reduzida (800mm anuais).

Vegetação

A cobertura vegetal, hoje grandemente modificada pela ação do homem, compreende a floresta tropical, o agreste e a caatinga. A floresta tropical revestia a fachada oriental, à qual emprestou o nome de zona da mata. O agreste, vegetação florestal de transição para um clima mais seco, recobre o centro do estado. A caatinga desenvolve-se na porção ocidental.

Hidrografia

Os rios do território sergipano pertencem a duas bacias hidrográficas: a do São Francisco e a do Nordeste. Só a primeira apresenta bom potencial hidráulico. A segunda é formada por rios de baixada, dos quais os quatro principais são o rio Real, o Piauí, o Vaza-Barris, que banha a capital, e o Sergipe. Todos desembocam no oceano Atlântico em amplos estuários e permitem a navegação a embarcações de pequeno calado.

População

Os habitantes do estado se concentram na zona da mata e no agreste. Mais de metade da população vive em centros urbanos. Além da capital, as maiores cidades são Lagarto, Itabaiana, Estância, São Cristóvão, Tobias Barreto, Simão Dias e Propriá.

O território estadual está no limite das zonas de influência das cidades de Salvador e Recife. Aracaju, além de capital político- administrativa, é o centro econômico do estado. Sua ação se faz sentir em toda a área estadual.


Economia

Agricultura e pecuária

Os principais produtos agrícolas do estado são a laranja, cultura de exportação própria do agreste; a cana-de-açúcar, cultivada tradicionalmente na zona da mata; a mandioca, que, cultivada sobretudo no agreste, embora apareça dispersa em outras regiões, se destina ao consumo local das populações rurais; e o coco-da-baía, de que Sergipe é um dos maiores produtores nacionais. São importantes ainda as culturas de feijão e milho e, em menor escala, as de arroz, algodão arbóreo (principal produto do sertão) e fumo.

Para enfrentar o problema da seca, o governo investiu no desenvolvimento das pequenas propriedades rurais, que têm papel fundamental na produção de alimentos, e implantou sistemas conjugados de adutoras, barragens, açudes, poços, cacimbas e cisternas, além de difundir culturas, lavouras e animais resistentes à seca.

O rebanho estadual tem aumentado bastante. Contribui para esse desenvolvimento a existência de um moderno frigorífico na capital. A pecuária tem-se ampliado tanto no agreste como nos vales do litoral e nas áreas sertanejas.

Indústria e mineração

A atividade industrial concentra-se em Aracaju (produtos alimentícios, têxteis e beneficiamento de produtos agrícolas). Além da capital, a indústria se faz presente ainda em Estância e São Cristóvão, centros têxteis. Uma fábrica de cimento em Aracaju supre o consumo estadual. Entre as indústrias do setor alimentar, destaca-se a produção de leite de coco e raspas de coco em conserva.

O desenvolvimento de Sergipe foi estimulado pela implantação, a partir da década de 1960, do Distrito Industrial de Aracaju, numa área ligada às principais rodovias. O estado está entre os maiores produtores de petróleo do país. A exploração se faz tanto no continente (campos de Carmópolis, Siririzinho, Riachuelo e outros) como na plataforma continental. Desde 1985, opera no estado a primeira mina de potássio do país. Sergipe conta também com grandes reservas de magnésio, sal-gema e enxofre.

O Pólo Cloroquímico do estado integra as diversas unidades industriais de processamento de matérias-primas minerais, como as reservas de petróleo, gás, potássio, granito, halita, silvinita, carnalita, calcário e enxofre.

Energia e transportes

A energia elétrica é fornecida por termelétricas e hidrelétricas e pela usina de Paulo Afonso, situada no estado da Bahia. Com a inauguração da hidrelétrica de Xingó, na divisa com Alagoas, Sergipe passou a ter maior disponibilidade de energia.

A principal rodovia pavimentada de Sergipe é a BR-101, que corta o território do estado de norte a sul. A estrada de ferro segue traçado aproximado. Ambas cruzam o rio São Francisco pela ponte rodoferroviária que liga Propriá a Porto Real do Colégio, em Alagoas. Em 1986, foi inaugurada a rodovia Juscelino Kubitschek, que atravessa toda a zona semi-árida do estado, ligando Monte Alegre a Canindé do São Francisco. Oito anos depois foi aberta a estrada das Dunas, ou estrada do Coco, rodovia que corta o litoral sul de Sergipe e percorre um verdadeiro paraíso de dunas, coqueirais, lagoas, rios, manguezais e mar.

O porto de Sergipe, um terminal off-shore de propriedade do estado, faz articulação com o Pólo Cloroquímico, a zona de processamento de exportações e os grandes projetos de irrigação, e opera com cargas gerais, além de ser uma peça-chave para expandir o turismo sergipano.


Cultura

Entidades culturais

As principais instituições culturais do estado de Sergipe são o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, a Sociedade de Cultura Artística de Sergipe, a Academia Sergipana de Letras e a Associação Sergipana de Imprensa, todas na capital.

Os museus de maior importância são o do Instituto Histórico e Geográfico, o de Arte e Tradição e a Pinacoteca do estado, na capital, além do museu do convento de São Francisco, em São Cristóvão, um dos mais ricos museus de arte sacra do Brasil. Entre as bibliotecas, destacam-se a Biblioteca Pública do Estado de Sergipe, a da Universidade Federal de Sergipe, fundada em 1967, e a do Instituto Histórico e Geográfico, todas em Aracaju.

Monumentos

No território sergipano estão localizados diversos monumentos tombados pelo patrimônio histórico: a igreja matriz da Divina Pastora, em Divina Pastora; a antiga residência jesuítica, atual casa da Fazenda Iolanda, e capela anexa, em Itaporanga d'Ajuda; a casa do engenho Retiro e sua capela de Santo Antônio e a igreja de Nossa Senhora da Conceição, na Comendaroba, ambas fundadas pelos jesuítas; a igreja matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Nossa Senhora do Socorro; a capela do Engenho da Pedra, em Riachuelo; e a igreja Nossa Senhora do Socorro, em Tomar do Geru.

Outros monumentos estão localizados nas cidades históricas de Laranjeiras -- a matriz do Sagrado Coração de Jesus (século XVIII) e a capela do Engenho Jesus, Maria, José; São Cristóvão -- os sobrados coloniais da praça Getúlio Vargas, a Santa Casa de Misericórdia e sua igreja (1627), a igreja de Nossa Senhora do Rosário (1749) e a igreja matriz de Nossa Senhora da Vitória (século XVII); e Santo Amaro das Brotas -- a igreja matriz de Santo Amaro e a capela de Nossa Senhora da Conceição no Engenho Caieira.


Folclore e turismo

As grandes festas religiosas de Sergipe são, na capital a procissão do Bom Jesus dos Navegantes (procissão fluvial que percorre o estuário do rio Sergipe, em 1º de janeiro); os festejos de Natal, de 25 de dezembro a 6 de janeiro, em que se destaca o tradicional carrossel do "Tobias", um boneco preto que toca um grande realejo; e a de Nossa Senhora da Conceição, em 8 de dezembro. No interior, as principais festas populares são a do Senhor do Bonfim, em Estância, que dura três dias; a de Nossa Senhora da Piedade, em Lagarto, em 8 de setembro; e a dos Passos, em São Cristóvão, na Quaresma. A culinária típica sergipana tem como prato principal a buchada, feita de sangue e miúdos de carneiro.

Aracaju conta com numerosas e belas praias, como Atalaia Velha, Atalaia Nova, Aruana, Mosqueiro, do Robalo, entre outras; um horto florestal e um estádio com capacidade para cerca de cinqüenta mil espectadores, conhecido como "Batistão" (estádio Lourival Batista). As cidades históricas, por seu acervo arquitetônico, são uma das principais atrações turísticas do estado.


Autoria: Rodrigo Beccheri Cortez

História de sergipe I

Data: 13/11/2010 | De: Lizaldo Vieira

HISTÓRIA DE SERGIPE – PROF. IVAN PAULO
HISTORIADOR

PRÉ-HISTÓRIA
1. AS CULTURAS PRÉ-HISTÓRICAS:
−Podemos identificar, em Sergipe, três culturas
dentre as suas comunidades pré-históricas:
Cultura Canindé ou Xingó:
−Com datações a partir de 5.000 a.C.
−Os sítios arqueológicos encontram-se localizados
em áreas do Baixo São Francisco, no canyon, no
município de Nova Canindé.
−Sítios: São José e Justino.
−Material lítico: lascas, facas, raspadores, machados
polidos.
−Material ósseo: esqueletos e adornos.
−Material cerâmico: associado a ritos funerários,
potes, tigelas, panelas.
−Arte rupestre: gravuras (figuras geométricas) e
pinturas (desenhos individualizados) • localizadas em
abrigos dos paredões do canyon.
−Fogueiras.
−Restos faunísticos: moluscos, anfíbios, répteis, aves,
peixes e mamíferos.
−Os primeiros habitantes: grupos caçadores-coletores
chegaram na região por volta de 5.000 a.C. e
ocuparam áreas que hoje são identificadas como
terraços e ilhas, atraídos pela presença abundante de
água (rio) seriam oriundos provavelmente do
planalto goiano, das cabeceiras do Alto São Francisco
e pela ampla rede de afluentes do SO da Bahia que
deságuam nesse rio (essa hipótese é justificada pelas
ocupações muito antigas encontradas nessa área) 
atividades: caça, coleta e a pesca/catação de
mariscos.
−Sepultamentos: enterramentos primários efetuados
diretamente no solo e acompanhado de mobiliário
funerário (adornos, instrumentos, cerâmica, fogueiras,
alimentos).
Tradição Aratu:
−Presente em grande parte dos sítios arqueológicos
sergipanos.
−Datação: séculos V ao XVII d.C.
−Localização: toda a faixa litorânea, norte de
Pacatuba e Sul de Cristinapólis.
−Sítio: Fortuna, no município de Divina Pastora.
−Aldeamentos próximos a riachos afluentes e em
área de floresta.
−Atividades: caça e coleta.
−Sepultamentos secundários (urnas funerárias) e
acompanhado de mobiliário funeral (artefatos
pessoais: machados polidos, adornos, tigelas).
Tradição Tupi-guarani:
−Datação: a partir do século XIX recente.
−Ocuparam áreas litorâneas próximas aos rios e
florestas: bacia do São Francisco, Japaratuba, Sergipe,
Vaza-Barris, Piauí e Real.
−Belicosidade e uso de canoas.
−Artefatos: cerâmicos (cachimbos) e líticos (polidores,
afiadores, machados polidos).
−Atividades: caça, pesca, mandioca.
−Sepultamentos: secundário e com mobiliário de
sepultamento.

OS ÍNDIOS EM SERGIPE
1. TRIBOS:
Línguas: Tupi e Macro-Jê.
Tribos: xocós, aramurus,
carapotós, kaxagó, natu (nas
margens do rio São
Francisco), tupinambás,
caetés e boimés (região
litorânea), aramaris,
abacatiaras e ramaris (no interior, próximo da região da
serra de Itabaiana), kiriris ou cariris (região centro-sul,
entre os rios Reale Itamirim).
Resistência: lutaram para defender suas terras diante
dos invasores portugueses líderes: Baopeba
(apelidado de Serigy), Aperipê, Surubi, Siriri,
Japaratuba.
Atuais Remanescentes: Xocós localizados na ilha
de São Pedro no município de Porto da Folha, `as
margens do rio São Francisco: Caiçara.
−Parte de suas terras foi tomada pelos grandes donos
de terras.
−Continuam lutando para sobreviver e conservar a
terra que sobrou para eles.

PERÍODO PRÉ-COLONIAL
1. PRIMEIROS CONTATOS COM OS BRANCOS
EUROPEUS:
−O litoral do atual território de Sergipe, localizado entre
o rio São Francisco e o rio Real, foi visitado inicialmente
pelos portugueses que integravam a expedição guardacosteira
de Gaspar de Lemos em 1501.
−Estabeleceram contatos com os índios em terra firme.
−Os franceses iniciam o escambo com os índios: paubrasil,
pimenta e algodão.

PERÍODO COLONIAL
1. O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NO
BRASIL:
−Em 1531, Martim Afonso de Souza também visitou o
litoral sergipano e entrou em contato com os índios.
−Os franceses continuavam interessados nas riquezas
desse território e mantinham um bom relacionamento
com os índios.
−Em 1534, o atual território sergipano passou a fazer
parte da Capitania da Bahia, doada pelo rei D. João III a
Francisco Pereira Coutinho.
−A partir de 1549, com a instalação do Governo Geral
em Salvador, a Capitania da Bahia foi comprada do

herdeiro de Francisco Pereira Coutinho e
transformada em Capitania Real.

A CATEQUESE DOS ÍNDIOS
1. OS JESUÍTAS:
−a catequese iniciou-se a partir de 1575 com os
padres jesuítas Gaspar Lourenço e João Salônio.
−Fundaram as aldeias (igrejas) de São Tomé (rio
Piauí), Santo Inácio (Vasa-Barris) e de São Paulo (rio
Real).
−Os jesuítas, no início, conseguiram atrair os índios
para a catequese.
Fracasso da Catequese:
−Os soldados que vieram proteger os padres
começaram a praticar violência nas aldeias dos índios,
roubando produtos das roças e raptando as mulheres.
−Os índios, revoltados, expulsaram os padres e os
soldados de suas aldeias.

A CONQUISTA DE SERGIPE
1. MOTIVOS:
−O interesse em tomar posse das terras dos índios e
escravizá-los.
−Ligar por terra a Capitania da Bahia à de
Pernambuco: importantes centros coloniais produtores
de açúcar.
−Criar gado e plantar cana-de-açúcar.
−Expulsar os franceses que praticavam o escambo
com os índios.
−Explorar minérios no Sertão: prata, ferro, salitre,
nitrato de potássio.
A conquista de Sergipe atendia aos interesses do
Governo português e dos fazendeiros de gado e
senhores de engenho da Bahia.

2. A PRIMEIRA TENTATIVA DE CONQUISTA (1575):
Comandada pelo governador Luis de Brito.
+ Pretexto da Invasão:
−a justificativa era punir os índios por terem
abandonado a catequese e expulsado os padres
jesuítas.
+ Características:
−Invasão militar e violenta: destruição e mortes.
−Nas lutas, morreu o cacique Surubi.
−Aprisionamento de índios: foram levados para a
Bahia a maioria morreu devido as maus tratos e
doenças.
+ Fracasso:
−Apesar da destruição e do massacre, a invasão foi
um fracasso, pois não deixou aqui um marco (sinal) de
conquista, ou seja, não deu inicio a colonização.
−O número de índios escravizados foi pequeno.

3. A CONQUISTA DE SERGIPE (1590):
Comandada por Cristóvão de Barros.
−Foi estabelecida uma guerra de extermínio contra os
índios.
−As aldeias foram massacradas e, finalmente, o
território conquistado.
−Fundação da cidade de São Cristóvão (01.01.1590)
na Barra do rio Sergipe, no atual território de Aracaju:
marco da integração de Sergipe a colonização
portuguesa.
−Foram edificados uma Igreja, um Presídio e um
Arsenal de armas.
−Iniciava-se a colonização de Sergipe: Tomé da Rocha
foi escolhido para ser o capitão-mor da nova capitania.

4. A ORIGEM DO NOME SERGIPE:
Hipóteses:
−No início esse território era chamado de “Os Sertões
do Rio Real”.
−Teria derivado das modificações (corruptela) do nome
Siriípe (“rio dos Siris”): sirigi sirigipe seregipe 
Sergipe.
−Seria para distinguir de uma localidade baiana
chamada de Sergipe do Conde: daí o nome Sergipe Del
Rey (pelo fato de que a conquista de Sergipe foi
efetuada por ordem régia e à custa da Coroa).
−Cacique Serigy ou Serigipy o seu nome foi
transformado em Sergipe.


5.AS TRANSFERÊNCIAS DE LUGAR DA CIDADE DE
SÃO CRISTÓVÃO:
Motivos:
−Ficar longe dos ataques dos franceses.
−Proximidade das primeiras fazendas e engenhos.
Transferências:
−1596: para uma colina próxima ao Rio Poxim.
−1610: para o local atual: nas margens do rio
Paramopama (afluente do rio Vasa-Barris), distante 24
Km do litoral.

A COLONIZAÇÃO DE SERGIPE
1. DIFICULDADES:
−Ataques franceses: só a partir de 1601, os franceses
foram definitivamente expulsos de Sergipe.
−Ataques de índios: que resistiam a ocupação de suas
terras.

2. DOAÇÃO DE SESMARIAS:
−A ocupação do litoral do território ocorreu do Sul para
o Norte.
−Outras vilas foram fundadas na região do rio Real e
do rio Piauí, no sul da capitania, e nas terras banhadas
pelos rios Vaza-Barris, Cotinguiba e Sergipe, no norte
da capitania.

3. ATIVIDADES ECONÔMICAS:
+ Criação de Gado:
−Principal atividade econômica da capitania.
−Ocupação do interior.
−Latifundiária: é marcante a presença dos Garcia
D’Ávila Conde da Torre.
−Tinha como finalidade abastecer a Bahia.
+ Cana-de-açúcar:
−Introduzida a partir de 1602.
−Sistema de ”plantation”.

−Surgimento de alguns engenhos.
+ Minas: metais preciosos
−Foram realizadas explorações à procura de minas
no território da capitania, realizadas por Belchior Dias
Moreya, Rubélio Dias, Gabriel Soares e Marcos
Ferreira: rio das Pedras e Serra de Itabaiana.
−Nunca se constatou a existência de metais
preciosos.

OS HOLANDESES EM SERGIPE
1. MOTIVOS:
−Garantia de
alimentos (carne e
farinha) e de
montarias (cavalos).
−Controle das jazidas
de salitre no sertão.
−Servir como zona de
proteção ao avanço
dos portugueses e
espanhóis vindos da
Bahia para expulsá-los de Pernambuco.

2. OBJETIVOS:
−Recolher os rebanhos sergipanos.
−Construir fortes no território.
−Controlar a cidade de São Cristóvão.
−Atacar Salvador.



3. A INVASÃO:
−Em 1637, as tropas da Companhia das Índias
Ocidentais, sediadas no forte de Maurício (atual
Penedo) e comandadas por Sesgimundo Van
Schoppke, cruzaram o rio São Francisco e iniciaram a
invasão.
A Retirada de Bagnuolo:
−o comandante das tropas portuguesas, o conde
Bagnuolo, mandou incendiar os poucos engenhos,
canaviais e própria cidade de São Cristóvão, além de
matar milhares de cabeças de gado: política da “terra
arrasada” (não deixar nada que pudesse favorecer o
invasor) e ordenou a fuga da população para trás do
rio Real.
−Os holandeses terminaram a destruição do que
restou: saques e incêndios.

4. SITUAÇÃO DE SERGIPE DURANTE A INVASÃO:
−O enfrentamento entre a defesa portuguesa e o
avanço holandês em direção à Bahia se dará no
território sergipano.
−Situação de abandono: as ligações com a Bahia
foram cortadas.
−Sergipe tornou-se um campo de batalha: não houve
efetiva colonização por parte dos holandeses.

5. A RETOMADA DA CAPITANIA:
−Retomada pelos portugueses em 1640, caiu nas
mãos do inimigo um ano depois.
−a retomada definitiva iniciou-se em 1645, quando os
portugueses conquistaram o forte holandês do rio Real
e São Cristóvão foi sitiada, os holandeses se renderam.
−Foi tomado também o forte de Maurício.
−A expulsão definitiva ocorreu em 1646 na batalha do
Urubu (atual Própria).
−Estava concluída a retomada do território pela
colonização portuguesa e a reinstalação do governo.

6. CONSEQUÊNCIAS:
−Retrocesso no processo de colonização portuguesa
em Sergipe.
−Reforço do poder local e desenvolvimento de um
sentimento de autonomia.
+ influência cultural holandesa:
−sobrenome: van der ley (Wanderley) e Rollemberg.
−Marcas no fenótipo: os “galegos” de Porto da Folha.
−Fabricação de requeijão.
−Brasão de armas: reiterava a vitória flamenga sobre
os habitantes de Sergipe.

A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE SERGIPE
1. PERÍODO PÓS-INVASÃO HOLANDESA:
−O período do domínio holandês pode ter levado ao
reforço do poder local e criado um sentimento de
autonomia.
−Período caracterizado pelas lutas entre os poderes
locais e o governo que representava os interesses da
Bahia.
Domínio da Bahia:
* Exigências:
−Contribuição em homens e em produtos (tabaco, gado).
* Conflitos de Jurisdição no Campo Político:
+ os capitães-mores começam a assumir funções que
eram da competência da Câmara Municipal:
−Cobrança de impostos sobre o gado.
−Os curraleiros são obrigados a prestarem serviço militar.
−Novos impostos sobre o gado.
+ Reflexos:
−Conflitos com a Câmara.
−Deposições.
−Revoltas.
−Dificuldade no relacionamento do governo da Bahia com
a Capitania de Sergipe: os moradores de Sergipe
opunham-se ao governo baiano devido às intervenções
constantes da Bahia na vida sergipana.
2. COMARCA:
+ Em 1696, Sergipe se tornou Comarca:
−Autonomia judiciária: Ouvidor.
−Continuava política e economicamente subordinado à
Bahia: os conflitos entre as autoridades de Sergipe e as
da Bahia persistiam.

3. ECONOMIA:
−A economia foi se recompondo depois da devastação
provocada pela guerra com os flamengos.
−O gado torna-se a principal riqueza durante o século
XVII.
-−No século XVIII e primeiras décadas do século XIX, a
economia açucareira consolida-se: aumentam as

exportações do açúcar sergipano pelo portos baianos
e cresce o número de engenhos.
−Sergipe adquire importância econômica: açúcar,
gado, algodão, fumo, arroz, mandioca.
4. OS GRUPOS SOCIAIS:
* O desejo de autonomia gerou conflitos internos:
+ Senhores de engenho ligados aos comerciantes de
Salvador e portugueses estabelecidos em Salvador
desejavam que o território continuasse sob domínio
baiano.
+ Os habitantes das cidades, pequenos comerciantes,
funcionários públicos e senhores de terras criadores
de gado.

5. A INDEPENDÊNCIA DE SERGIPE:
Decreto Real:
−Em 08 de julho de 1820, D. João VI assinou o
decreto isentando Sergipe da sujeição da Bahia.
−Em 25 de julho de 1820 uma Carta Régia nomeou o
brigadeiro Carlos César Burlamárqui para governar
Sergipe.
−Os serviços prestados por Sergipe à causa real
durante a Revolução Pernambucana de 1817.
−A grande prosperidade da capitania de Sergipe no
setor açucareiro.
−Reforma político-administrativa que o governo
efetuou em várias capitanias.
A Reincorporação à Bahia:
−Em 1820, a Bahia aderiu à Revolução
Constitucionalista do Porto e a Junta Governativa que
assumiu o poder determinou a reincorporação da
Comarca de Sergipe à Bahia.
−O capitão-mor Luiz Antonio da Fonseca Machado
não acatou as ordens da Bahia e deu posse a Carlos
César Burlamárqui.
−A Bahia envia tropas para São Cristóvão e estas
depõem o primeiro governador de Sergipe: Sergipe
volta a situação de dependência em relação a Bahia.
A Passagem de Labatut por Sergipe:
* Independência do Brasil:
−As questões da autonomia de Sergipe e a
independência do Brasil confundem-se num mesmo
processo.
−A Bahia, através do brigadeiro português Madeira de
Melo, não aceitou a separação do Brasil de Portugal
nem a autoridade de D. Pedro I e iniciou um
movimento armado contra a Independência do Brasil.
−O capitão-mor de Sergipe, brigadeiro Pedro Vieira,
era partidário do sistema português dominante na
Bahia.
−D. Pedro I contrata os mercenários Pedro Labatut e
Rodrigo de Lamare para impor a nova ordem política
na província da Bahia.
−As tropas de Labatut desembarcam em Maceió e
seguem, por terra e atravessando o rio São Francisco,
sobre o território de Sergipe em direção a Bahia.
Objetivos:
−Cessar as hostilidades e a adesão de Sergipe ao
Príncipe Regente: apoio a D. Pedro.
−Atacar a Bahia.
Adesões:
−Vila Nova (Neópolis).
−Laranjeiras.
−São Cristóvão: os adeptos de Madeira de Melo
fugiram.
−Estância.
Motivos do Êxito da Missão de Labatut:
−o sentimento anti-lusitano da população de Sergipe.
−a participação das tropas comandadas por João
Dantas, capitão-mor das ordenanças da vila de
Itapicuru (Cachoeira), que entrou em Sergipe através de
Campos (Tobias Barreto) e avançou vitorioso sobre
Santa Luzia e Lagarto.
−As negociações de Labatut garantiram um acordo
entre os grupos emancipacionistas e recolonizador,
cujos representantes dividiram entre si a tarefa de
formação de um governo local autônomo.
A Integração de Sergipe ao Estado Nacional:
−a autonomia de Sergipe foi reconhecida por D. Pedro
I, em Carta Imperial de 05.12.1822.
−em 03.03.1823, realizou-se missa festiva onde foi
aclamado D. Pedro I como Imperador do Brasil: a partir
desta data Sergipe foi efetivamente integrado ao Brasil
Independente.

SERGIPE DURANTE O IMPÉRIO
1. SITUAÇÃO POLÍTICA DURANTE O 1º REINADO:
Partidos Políticos:
+ Liberal: defendendo o controle local do poder e
representado socialmente pelos senhores de terra e
gado e camadas médias urbanas.
+Corcunda: defendendo o controle externo e
representante dos interesses dos financiadores da
agroindústria açucareira em Sergipe e representado
socialmente pelos grandes senhores de açúcar e pelos
seus aliados, os portugueses residentes em Sergipe.
−a política sergipana será marcada pelo embate entre
as duas forças que representavam os senhores de
terra.
−os senhores de terra dominavam uma sociedade
basicamente rural e isolada em termos de comunicação
dos centros mais adiantados da região.
−as camadas populares não tinham participação, mas
demonstravam resistência através de fugas, invasões
de cidades, rebeliões, crimes, protestos
Eleições:
−Momentos violentos em que o partido que ocupava o
poder manipulava a seu favor os resultados.
−Eram disputas entre facções da classe dominante,
cada uma imbuída do desejo de controlar o poder e de
demonstrar força sobre sua clientela.
Reflexos da Confederação do Equador (PE-1824):
−o presidente da província de Sergipe foi deposto
acusado de simpatizar com os republicanos
pernambucanos: esse episódio contou com o apoio dos
Corcundas.

Conflitos:
−Revolta dos índios de Pacatuba (1827).
−Sublevação de escravos dos engenhos da
Cotinguiba (1827).
Reflexos da Abdicação de D. Pedro I (1831):
−As autoridades ligadas aos corcundas relutaram em
aclamar o sucessor Pedro II e reprimiram as festas
populares.
−Animosidade contra os portugueses.
−Uma representação “popular”, apoiada pela tropa,
exigiu a demissão do Presidente da Província e de
todos os portugueses que exercessem cargos
públicos.
−O Presidente renunciou, foram nomeadas novas
autoridades e todas as Câmaras Municipais
aclamaram o novo Imperador.
2. CONTEXTO HISTÓRICO DURANTE O PERÍODO
REGENCIAL:
−Eleição para a primeira Assembléia Provincial
(1825).
−O Partido Corcunda passou a denominar-s de
Partido Legal.
A Revolta de Santo Amaro (1836):
+ Motivo:
−A derrota dos corcundas nas eleições.
−A falsificação das atas da eleição de Lagarto:
provocou a alteração do resultado e contou com o
apoio do Presidente da Província (Barão da
Cotinguiba).
−Protestos do Partido Legal (Liberal).
+ O Conflito:
−O chefe Corcunda, Sebastião Boto, cercou a vila de
Santo Amaro, um dos redutos de resistência dos
liberais, fazendo fugir a população que abandonou a
vila: 15.11.1836.
−foram arrombadas e saqueadas as casas e mortos
os habitantes ainda ali encontrados.
−as perseguições aos liberais estendeu-se a outras
vilas, provocando fugas para a Bahia e Alagoas.
+ Conseqüências:
−O Partido Liberal passou a ser chamado
“Camundongo” e o Partido Corcunda (Conservador)
de “Rapina”.
−A eleição foi anulada.
−O Presidente foi demitido.
−Os participantes do movimento foram anistiados em
1837.

3. SERGIPE DURANTE O 2º REINADO:
−Rapinas e camundongos revezaram-se quase
anualmente no controle do poder provincial: seguindo
a política de revezamento de partidos iniciada por D.
Pedro II.
−Bagaceira (1847): dissidência do Partido
Camundongo liderada pelo Barão de Maruim e pelo
Barão de Própria.


A MUDANÇA DA CAPITAL (1855):
* Governo de Inácio Joaquim Barbosa:
−o projeto modernizador de Inácio Joaquim Barbosa,
em torno do qual congregaram-se camondongos e
rapinas, é um reflexo da Conciliação que estava
ocorrendo em nível nacional.
−Procurou racionalizar o comércio do açúcar e livrá-lo
da tutela da Bahia.
−Promoveu a mudança da capital da Província.
+ Motivos:
−Proximidade da região economicamente mais
importante, a zona da Cotinguiba: novo centro produtor
de açúcar.
−A decadência do vale do Vasa-Barris: onde se situa
São Cristóvão.
−a nova capital seria uma cidade portuária, o que
facilitava o escoamento do açúcar.
+ Aracaju: Cidade Planejada.
−o plano urbanístico da cidade foi elaborado por
Sebastião Pirro e consistia na construção de uma
cidade traçada em forma de xadrez.
−Em 17 de março de 1855, Dr. Inácio Barbosa
sancionou a Resolução nº 413 que ficava elevado a
categoria de cidade o Povoado Santo Antonio do
Aracaju, com a denominação de cidade de Aracaju.
+ Manifestações Contrárias:
−Manifestações por parte da população de São
Cristóvão no intuito de impedir a saída das repartições
públicas e críticas quanto às condições de habitação,
higiene e saúde da população que deveria ali se
estabelecer.
−João Bebe Água.
+ A Origem do Nome Aracaju:
Hipóteses: corruptela. (corrupção)
−Derivada das palavras da língua tupi: ará (papagaio) e
acayu (fruto do cajueiro) “cajueiro dos papagaios”.
−Aracaju significaria “lugar dos cajueiros” cajueiral.
−Derivada de ara (tempo, época, estação) e caju (fruto
do cajueiro).
−Derivada do termo tupi areaiu.
Partidos Políticos:
+ o Partido Rapina deixou de existir.
+ o Partido Camundongo dividiu-se:
−Partido Saquarema (Conservador): criado pelo Barão
de Maruim.
−Partido Liberal.
Terminavam as antigas denominações locais.

4
. SERGIPE E A CRISE DO IMPÉRIO: Abolicionismo
e Republicanismo.
−o movimento abolicionista tomou força em Sergipe a
partir de 1880, principalmente na cidade de Laranjeiras
(importante centro exportador de açúcar e maior centro
urbano de Sergipe).
−O enforcamento em praça pública do líder negro João
Mulungu, no século XIX, responsável pela construção
de um quilombo nas matas de Sergipe, demonstra que
a organização dos quilombos foi a principal forma de
rebelião de escravos no Brasil.
−O Jornal Horizonte era o veículo divulgador de idéias
sobre educação popular e implantação do trabalho livre.


6
−Surgiam reuniões, conferencias e clubes para
discutir as novas idéias: profissionais liberais oriundos
das camadas médias urbanas.
−O Jornal O Laranjeirense: órgão abolicionista e
republicano.
−Fundação do Clube Republicano Federal
Laranjeirense: Silvio Romero, Felisbelo Freire,
Baltazar de Góis, Josino Meneses.
−Tanto conservadores quanto liberais aderiram ao
regime e ao Partido Republicano a partir de 15 de
novembro de 1889.
−A Proclamação da República transferiu para Aracaju
o centro do movimento republicano.
−Os republicanos, inexperientes no exercício do
poder, serão sufocados na luta com os velhos políticos
e com o poder militar.
−Felisbelo Freire foi escolhido como primeiro
presidente (governador) do Estado.
5. A CULTURA NO SÉCULO XIX:
−A população em geral era iletrada, poucos
privilegiados sabiam ler e escrever.
−Os filhos da elite continuavam a estudar fora da
Província.
−1832: aparecimento do primeiro jornal 
Recompilador Sergipano.
−Em 1835, surge o Noticiador Sergipense: que
publica atos do Governo.
−A primeira biblioteca foi fundada em 1848 em São
Cristóvão, depois transferida para Aracaju.
−A Ponte do Imperador foi construída no século XIX,
para servir de plataforma de desembarque as
margens do rio Sergipe, quando da visita de D. Pedro
II.
−Em 1870 foi criado o Atheneu Sergipense.
−As primeiras manifestações literárias na Província
surgem a partir de 1830.
−os primeiro literatos sergipanos são poetas e só a
partir da década de 50 é que a prosa começa a se
desenvolver.
−A produção literária sergipana gira em torno das
tradições culturais de seu povo: a história, lendas e
costumes.
−A partir da década de 60, o drama, o romance e a
poesia crescem.
−Os intelectuais que se projetaram foram os que
saíram da Província.
−Os livros nada falam sobre as culturas de negros e
índios.

Tobias Barreto (1839-1889):
−Famoso mestre sergipano da Faculdade de Direito
do Recife.
−Criou uma espécie de escola filosófica denominada
“Escola do Recife”: introdução no Brasil das mais
modernas correntes filosóficas, jurídicas e
sociológicas do mundo naqueles tempos.
−Sólida influência nos meios universitários da Bahia.
- Introdutor do germanismo na cultura brasileira.
−Jurista, jornalista, poeta, crítico musical e literário.
−Livro de Poesia: Dias e Noites. Demais obras:
Estudos Alemães; Monografias em Alemão; Crítica
Literária; Crítica da Religião; Menores e loucos;
Questões vigentes; Estudos de Direito; entre outras.

Silvio Romero (1851-1914):
−Jornalista combativo, parlamentar e critico literário:
discípulo de Tobias Barreto, fundador da Academia
Brasileira de Letras e primeiro historiador da Literatura
brasileira.
−As primeiras manifestações do Folclore sergipano
foram assinaladas por Silvio Romero: Cantos e Contos
Populares de Sergipe congada e folias de reis.
−Obras: História da Literatura Brasileira; Etnologia
Selvagem; Ensaios de Sociologia; Interpretação
filosófica da crítica; entre outras.

PERÍODO REPUBLICANO
1. A OLIGARQUIA OLIMPISTA (1900-10):
−No inicio do século XX, a política sergipana registra
dois partidos majoritários:
+ Partido Republicano de Sergipe: cabaús.
+ Partido Republicano Sergipense: pebas.
Olimpio Campos:
−tendo conseguido impor-se sobre os velhos políticos
como líder dos cabaús, o Monsenhor Olímpio Campos
foi presidente do Estado, indicou os seus sucessores no
governo, influiu poderosamente na eleição de
deputados elegeu-se senador.
−Nos municípios também eram eleitas sempre pessoas
ligadas ao Monsenhor e os empregos públicos eram
distribuídos entre os seus correligionários.
−Manteve controladas as classes subalternas através
do esquema de poder e repressão, apoiado pelos
coronéis.
−Procurou contentar as classes dominantes,
principalmente aos senhores de engenho, com um
plano de recuperação da economia açucareira.
Revolta de Fausto Cardoso (1906):
+ Definição:
−Golpe para derrubar o governo olimpista.
+ Motivos:
−A longa permanência dos olimpistas no poder.
−A formação de um grupo mais radical da oposição.
−A criação do Partido Progressista: oposição radical ao
olimpismo.
−causa imediata: a visita, pela primeira vez depois de
eleito, do deputado federal Fausto Cardoso.
+ O Movimento:
−No dia 10.08.1906, um contingente da Polícia Militar
tomava o Palácio do Governo e depunha o presidente
Guilherme Campos.
−Formou-se um novo governo com membros (camadas
médias urbanas) do Partido Progressista.
−O movimento começou em Aracaju, mas espalhou-se
por Maruim, Itabaiana, N. S. das Dores, Laranjeiras,
Rosário, Itaporanga, Propriá, Divina Pastora, Capela,
Riachuelo e Japaratuba.
+ A Intervenção Federal:
−Em 28.08.1906, o governo federal enviou uma força
interventora para Sergipe, que depôs os progressistas,

retomou todas as sedes municipais e repôs o olimpista
Guilherme Campos na presidência do Estado.
−Fausto Cardoso foi assassinado durante os embates
militares da intervenção.
Dois meses depois, os filhos de Fausto Cardoso
assassinaram Olimpio Campos no Rio de Janeiro.
2. O GOVERNO GRACCHO CARDOSO (1922-26):
−Fazia parte do grupo político que dominou Sergipe
de 1910 a 1930: o PRC (Partido Republicano
Conservador).
+ procurou modernizar a capital e atingiu em certa
medida o interior do Estado:
−Saneamento.
−Abastecimento de água.
−Urbanização e embelezamento.
−Construção de estradas, pontes e escolas no
interior.
Revolta de 13 de Julho (1924):
−Movimento tenentista em Sergipe que promoveu a
deposição de Graccho Cardoso aderindo à revolta
movida em São Paulo para depor o presidente da
república Artur Bernardes.
+ Motivos:
−A crise política vivida pelo Brasil em âmbito nacional.
−a presença no 28º BC de oficiais implicados na
revolta do Forte de Copacabana (RJ): foco de
propaganda do antibernardismo oposição ao
Governo Federal.
−causa imediata: a participação de tropas do 28ºBC
na deposição do governo baiano J. J. Seabra,
indignou os oficiais sergipanos, que se sentiram
instrumentos da política vingativa e arbitrária do
Presidente da República.
+ O Movimento:
−os militares depuseram Graccho Cardoso e tomaram
as cidades de Aracaju, Carmópolis, Rosário,
Japaratuba, Itaporanga e São Cristóvão.
+ Repressão Federal:
−Os militares foram violentamente derrotados pelas
forças militares e pelas tropas formadas pelos
“coronéis” sergipanos.
+ Conseqüências:
−a violenta repressão gerou grande
descontentamento e dividiu a sociedade sergipana em
vencidos e vencedores.
−Desgastou o governo de Graccho Cardoso e o
tornou cada vez mais submisso ao Governo Federal e
aos “coronéis”.
Revolta de Augusto Maynard (19.01.1926):
+ Motivos:
−A repressão aos movimentos tenentistas.
−A passagem da Coluna Prestes pelo Nordeste.
+ O Movimento:
−Fugindo da prisão, o tenente Augusto Maynard
Gomes, comandou uma operação que a partir do
controle do 28ºBC, tentou tomar o Quartel de Polícia e
depor o governo.
+ A Repressão:
−Graccho Cardoso mobilizou as forças legais ao
governo: Augusto Maynard foi ferido e os tenentes
pediram rendição.

3. A REVOLUÇÃO DE 30 EM SERGIPE:
−Sergipe não se incorporou dessa vez desde os
primeiros momentos à revolução.
−em 16.10.1930, o manifesto de Juarez Távora e as
tropas revolucionárias foram recebidas festivamente na
cidade.
−Augusto Maynard foi indicado como Interventor
Federal de Sergipe.
4. O GOVERNO DE SEIXAS DÓREA (1962-1964):
−Incorporou-se à luta pelas reformas de base do
presidente João Goulart.
−Participou do comício do 13 de maio no Rio, no qual
anunciou a realização da reforma agrária para Sergipe.
Essas atitudes provocaram inquietação nos grupos
conservadores.
O golpe militar de 31 de março de 1964, que
derrubou João Goulart, também depôs Seixas Dórea.
7. BIBLIOGRAFIA:
O presente texto é composto por transcrições textuais
de:
1.AGUIAR, Fernando. Pré-História de Sergipe. Apostila.
2.Apostila Cultura Sergipana para Concursos. Ed.
Aspas.
3.Textos e fotos extraídos do site UFS-PAX-MAX.
4.Textos extraídos do site Infonet-Cidades de Sergipe.
5.Jornal da Cidade, Aracaju, 7-8 nov. 1999. Caderno
Cidades, p.4.
6.DINIZ, Diana M. F. Leal (coordenadora). Textos para
a História de Sergipe. UFS. 1991.
7.Informe UFS, São Cristóvão, n.242, p.4-5,21 out.
1999, Francisco José Alves.
Aracaju (SE)

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